“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

29/12/2007

Na memória das árvores


Na memória das árvores
A lembrança do que fui…
Olho para mim e não me vejo
Sou sombra, passado que não volta…
Inexistência da luz em noite escura
E na brisa que passa
Procuro os pedaços que perdi
Tento reconstruir a alma banida…
Aconchegá-la a um tempo
Escolhido por um destino que desejo

Na memórias das árvores
Procuro-te…
És, quem me indica o caminho…
O regresso a casa…
E no horizonte, onde me perco,
És a minha estrela polar…
Bússola na densidade do meu mar,
Onde me reencontro e reconstruo…
És pedaço de mim…
Lapa presa à rocha
Em maré baixa…

E no meio desta insanidade
Espero por ti…
Hoje…
Amanhã…
Para sempre…

(Lúcia Machado)

25/12/2007

Não quero ir para casa



Não quero ir para casa!

Ao abrir a porta…
A casa encontra-se vazia e fria
As paredes choram a dor da tua ausência
E no ar murmuram silêncios abafados
Ao som inaudível da minha voz…

Não quero ir para casa!

Onde a cama te espera
Com o lugar exacto do teu corpo
Onde os lençóis se enrolam
Nas lágrimas do meu peito

Não quero ir para casa!

Nada me espera lá…
Apenas a solidão do meu olhar
Na imaginação da tua voz,
Que foi minha…

Não quero ir para casa!

Ouvir a melancolia das horas,
Que passam invisíveis
Á falta da tua ausência silenciosa
Em acordes amargos e nocturnos

Não quero ir para casa!
Pois sei que, não te encontrarei

(Lúcia Machado)

22/12/2007

Meu amor é um delírio


Na pálida e noite fria
Tudo que me rodeia fala de ti
As horas que passam lentamente,
Lembram a sombra do que fui e que não volta

No piano saudoso à tua espera
Um sono de morte nas melodias
Relembram palavras soltas,
Poemas que escrevias

Aqui longe de ti onde me perco,
Lembro os momentos passados
Me recordo dos teus olhos, num tempo incerto
O olhar, doce e terno, que na ausência,
Me mata aos bocados…

E tu, que não te vens sentar perto de mim
Que não trazes o teu amor, que acalenta a alma
És como a estrela cadente
Que rasga o céu silencioso, numa dor que acalma

E uma tristeza irresistível que me assola
Cava um buraco bem profundo no coração
Punhal cravado no peito, que não ouso retirar
Faz do amor a dor que nasce da ilusão

(Lúcia Machado)

20/12/2007


Devo ser, a árvore fustigada pelo vento,
O solo onde me planto e cresço…
Serei o mendigo à tua porta
Tu, o pão que me alimenta...
Devo ser, água turva,
Suor efervescente,
Luz dormente em manhã dourada…
Serei telhado de vidro,
Frágil, ao peso dos pássaros que se abrigam...
Devo ser a pergunta à qual não tenho resposta
A curva que não se vê…
O muro que me trava...
Serei o uivo, que rasga a noite,
Em silêncio e devagar num murmúrio
Serei nada…serei tudo…


(Lúcia Machado)

Tudo o que vejo


Tudo o que vejo,
Esconde-se num fundo…
Num quarto escuro onde as vozes
Soluçam na escassez do tempo
Que cavalga algoz!
Envolvo num murmúrio
O brilho dos teus olhos
Que traça de novo a minha rota…
Volta para mim no silêncio da noite,
Traz de novo as tuas palavras
Que transforma a minha solidão…
Serve-te do que me resta…
És pedaço de mim…
Na ânsia do teu abraço
Reencontro e reconstruo
O meu coração

(Lúcia Machado)

13/12/2007

Se...


Se eu adormecer e não sair à rua…
Farás do dia...noite...um tempo que não tem volta?
Pedirás ao vento que me procure,
Na angústia de não me ver?!
Ou virás à minha procura?
Como quem anseia ver o Sol,
Após refúgio na escuridão...
Se eu morrer…
Sentirás a minha ausência?
Sentirás a falta do meu coração que corre veloz,
Assim, como um surto de luz na solidão?
Procurar-me-ás nas tempestades em dias de Inverno?
Ou na chuva mansa em dias de Verão?
Se eu faltar…
Virás à minha procura?
Virás te aconchegar no meu peito?
Curar as feridas do meu coração?
Se eu adormecer…
Se eu morrer…
Se eu faltar…
Virás me procurar?


(Lúcia Machado)

Encontro-me...


Encontro-me na sombra da azinheira
Entre o tempo da luz dormente e o infinito
Um lugar onde o vento prenuncia o teu nome,
Onde a brisa reconhece a tua passagem
E faz da árvore branca, memória do coração
Carrego na alma a inebriante doçura do teu olhar
Meu segredo… pulsar da vida em transfiguração
Janela fechada para outra dimensão,
Jaz o tempo que já não vivemos
Apenas a marca do destino que não sabemos

(Lúcia Machado)

09/12/2007

...Ao teu encontro...


Como um rio, que corre em direcção ao mar…assim, lentamente caminho para ti. Os teus olhos, o teu sorriso, a tua voz…como sinto saudades! E na solidão te encontro, entre o correr das horas e o cair da noite… permaneces no meu pensamento…dou por mim a pensar muitas vezes…beijarás outros lábios? Abraçarás outro corpo? Enlaçarás as tuas mãos, noutras mãos?...não posso! Não quero pensar nisso! Dói…dói muito!
Quero tanto, telefonar-te…ouvir a tua voz doce…e enquanto falo contigo, fecho os olhos, imagino-te ao meu lado…vejo-te de uma forma cristalina, cada traço do teu rosto, gravado na minha memória…sinto o teu respirar… e o teu sorriso que me ilumina, faz de mim pluma em queda-livre que esvoaça ao encontro de ti…
Quase que posso jurar, que te consigo tocar…toco devagarinho, com receio que a ansiedade te faça desaparecer no espelho de água da minha imaginação…
Não quero! Não te posso perder!
Eu sei, que não tenho o direito de querer o teu amor…mas, ama-me, não precisas de amar como eu te amo! Ama-me apenas o que puderes…
Saberás o quanto anseio esquecer-me? Sim…esquecer-me de mim! Apenas, encontrar-me num sítio onde me esqueço…e te encontro a ti…


(Lúcia Machado)

06/12/2007

Consciência...


Da ausência da luz
Areia movediça, em torno dos meus olhos
Morre numa lágrima o mundo
Em desespero profundo e languidez
Na curva do vento, tentei o teu segredo
E na palidez inexplicável da alma em degredo
O fechei, em baú do meu pensamento…
Arca de Noé, peito descoberto em dilúvio
Do sangue corrente
Ouvirei o cantar das águas adolescentes
Sem grande noção de ameaça
Ou renuncia…
E nas palavras do teu olhar,
Morrerei na despedida
Onde a luz silenciosa se demora

(Lúcia Machado)

04/12/2007

Tuas asas....meu corpo


Tuas asas…meu corpo
Tuas asas que sacodem a minha solidão
São minhas, as asas tuas...
Meu corpo ânfora, ao alcance da tua mão
Tuas asas, vida em mim
Alegria, em voo de luz
Asas tuas, feitas de Sol
Unem-se ao meu corpo
Numa simbiose perfeita…
Tuas asas...meu corpo,
Com elas me deito
Sem elas…
Da queda livre, faço meu leito


(Lúcia Machado)

02/12/2007

O dia da minha morte



Hoje chora-se o dia da minha morte…
Meu coração, parou às 13.00 horas em ponto
A causa da morte:
“Falha do órgão vital, devido à dor da tua ausência”
Sei que, não me deves chorar…
Pois, provavelmente nem te lembras que existo!
Ou então…talvez, um dia, te lembres que o meu silêncio é estranho…
E então, virás me procurar! Mas se o fizeres…
Te dirão:
-Morreu!
Morreu de uma estranha dor! Dizem que, se apaixonou
…e da dor morreu!
A que existiu…desistiu!
Não me chorem! Não!
A dor acabou…Onde estou…apenas sinto leveza,
Reencontrei a minha paz…acabou a tristeza
Se avistares ao longe, uma como eu…
Como a que um dia te amou…
Não te iludas!
Será apenas um corpo, que divaga sem alma,
Numa terra sem nome…
Num mundo longe de nós…
Não desisti de te amar!
Apenas, de lutar!

(Desisti de lutar…mas, não de esperar!
Pois, é o que me resta)

(Lúcia Machado)





Após,
O desafio feito por
Rosa Maria Anselmo
Deixo aqui a minha contribuição



Nas notas do meu pensamento, tocam músicas tristes de embalar…
Quero morrer no teu peito, como águia que se lança e aprende a voar...
Para mim, a tua existência transforma-se numa espécie de luz…
Alvorada que nasce serena, como pássaro que pousa nos ramos e me seduz.

Espero-te em qualquer lugar, até no silêncio da minha imaginação…
Com a intensidade das emoções, reclama-me uma atenção que me impede de pensar noutras coisas…o meu centro és tu! Vórtice, caravela da minha paixão…
Quero inventar os teus braços que me permitem descansar, sofrer, rir e chorar…

No reflexo da noite, a harmonia da pedra, o equilíbrio, entre a chuva e o ar que a sustém…busco fragmentos da minha carne rasgada…
E, no desassossego da matéria orgânica, uma intensa luz despe o mundo sem clemência, para nada!

Palavras ao vento…nascem quando cruzam com a doçura do teu olhar…
Pela mão do Poeta sem nome, floresce um novo amor, cria-se uma nova vida, uma nova história…
Dou-te o teu nome…és, o meu amor a minha vida a minha paixão! Poema sem nexo, onde acumulo impressões que se desintegram e se vinculam, formando matéria única, ligação ao poço da minha memória…

No sossego do teu abraço, quero ir para onde o resto da vida não me consome…
Sem ti…a aurora que entra pela janela não se coaduna com o desejo do que sinto.


(Lúcia Machado)

01/12/2007

Notas do meu pensamento

Numa tela, gostava de pintar o deus do Sol
E com ela, despir a Lua rainha
Criar lençóis de maresia no ar…
Beijos frescos, gotas de orvalho para te amar

Num misterioso nevoeiro
Pincelar a luz que te ilumina…
Quente como o Sol
…Doce com tu, que me fascina

No leito do rio…
Onde se banham peixes cor de prata
Criar o teu olhar, sedutor como o vento
Minha loucura e alento…

Focar a tua imagem num quadro só meu,
Pintar a tua boca fresca de madrugada,
Onde a saudade, desenha as tuas linhas perfeitas
Onde és tudo, e eu sou nada…


(Lúcia Machado)

Em qualquer lugar

Quero estar contigo ao Luar
No silêncio das estrelas
Olhar para ti sem dizer nada…
Onde o único som que se ouve,
Seja o bater dos nossos corações
Quero estar contigo no leito do rio
Onde as únicas lágrimas que correm
São as da chuva que nos inveja…
Quero estar contigo na solidão
Dar-te a mão…
Sentir o calor do teu coração
Seremos um abraço na noite fria
Fogo, que aquece as nossas almas…
Nosso sonho…nossa fantasia
Quero estar contigo no pensamento
Guardar-te onde a saudade,
Desenha as nossas linhas perfeitas
Entre, o espaço do bater das asas do condor,
E o encontro das nossas almas perdidas
Quero estar contigo…
No silêncio…
No Luar…
Em qualquer lugar


(Lúcia Machado)

30/11/2007

Palavras ao vento


Sonho tanto, contigo!
És o meu caminho…
A estrada que me leva para além do horizonte
O meu Norte, a minha estrela polar
…Minhas asas, que me fazem voar
Como sinto a tua falta!
Quero encontrar-me, na luz teus olhos
Afogar-me no teu coração
Fazer de ti a minha alma
Seres tu, quem me dá a mão
Que me afaste desta solidão
Sinto-me perdida sem ti
Sem rumo…
Gostava que me ouvisses…
Se pelo menos,
Me pudesses ouvir por um momento…
Sem ti…não há Lua
Nem as crianças brincam na rua
O aperto cá dentro!!
Um misto de morte…
E o renascer quando ouço o teu nome
Porque te amo tanto?!
Sei que não me ouves…
Então, escrevo para o mundo…
Na esperança que um dia me ouças
Nem que seja por um segundo…


(Lúcia Machado)

28/11/2007

No reflexo da noite…

Vejo-te no reflexo da noite…
Na Lua cor de prata…
E o meu desejo de ti,
Um rio de lágrimas que mata

Na saudade do meu peito,
Uivam, lobos ao Luar
É o choro, das almas perdidas
Que suplicam um novo amar

Bestas que se escondem
Nos recônditos atalhos das matas sombrias
Aguardam ansiosas…presas, nas noites frias

Contigo ao meu lado!
Não tenho medo não!
Luto contra feras, bestas...ofereço o meu coração!



(Lúcia Machado)

O teu nome

O teu nome,
Escrito nas estrelas…

Palavras ao vento, tristes e sós
Perdidas…algures entre o bater das asas
Do tempo e nós…
Tens o mar como companhia
…e eu, a Lua nua, triste e fria…

Não posso deixar de te sentir
Sem ti…não há amanhecer
Nem ninhos nos beirais
Pássaro que voa a cada beijo teu
Comprime o mundo…e não volta mais

Tenho o medo …e, tu a paz
Abraça-me contra o teu peito…
Onde me quero encontrar
Deixa-me morrer nos teus braços
Onde o poeta se esconde, para chorar

(Lúcia Machado)

26/11/2007

Poema sem nexo




Um coração de sangue
Uma alma rasgada
Um olhar que não vê nada
Um norte sem rumo
Uma alma sem prumo
Um corpo que jaz sem ti
Uma voz que enfraquece
Um pássaro que voa
Um lobo que uiva
Uma gota no oceano
Um Sol que não aquece
Uma manha que não amanhece
Uma Lua nua
Uma estrela perdida
Um amor por ti
Uma parte de mim
Um barco à deriva
Um poema inacabado
Uma música por tocar
Uma criança perdida
Uma saudade que dói
Um sono que se foi

Porque tu és o meio da manhã,
Cura da minha nascença

(Lúcia Machado)

24/11/2007

Silêncio


No silêncio me perco…
No silêncio te encontro...
Quero o silêncio…não quero ouvir nada!
Não quero ouvir mais nada!
Calem-se as buzinas, o chiar desenfreado do pensamento!
Não quero ouvir a chuva que cai…
Nem mesmo, o bater descompassado do coração!
Preciso de silêncio…
Pois é lá, que te irei encontrar…
Entre o fechar dos meus olhos
…e o imaginar do teu sorriso
Chiuuuu…
Não quero ouvir um som!
Nem mesmo o cantar da cotovia,
Ou o bater das asas do tempo…
Preciso de silêncio…
É lá que se unem as almas
Num mundo só nosso…
Numa espécie de dor
Silêncio…é no silêncio
Que te encontro…
É no silêncio que me perco


(Lúcia Machado)

23/11/2007

Espero-te


Espero-te ainda, entre os poemas e as músicas…
Algures, entre a esquina dobrada pelo vento
Entre o cortejo das sombras lúdicas
Compassadas ao ritmo, de um novo alento

Espero-te talvez no meu pequeno espaço
Linha breve de tempo entre o nascer e a morte
Sonho acordar um dia no teu regaço
Desfrutar da minha triste e breve sorte

Espero-te como nau à deriva, em mar de tormento
Em noites de enigmas singulares…cifra inaugural
Reflectindo a luz da tua alma, no meu pensamento
Nas ondas que descansam no gesto nupcial

Espero-te ainda na sombra das flores de laranjeira
Que enfeitam o mais lindo dia da nossa vida
E entre os suspiros e gemidos da nossa vez primeira
Temos a infelicidade para sempre proibida

Espero-te na face escura da Lua
Nos corpos que se unem num poema de amor
Desejo ser o astro, onde dança a alma nua
Cortando o ar…Sem destino, nem pudor

Espero-te bem perto do lado contrário do Sol
Tolhido pela luz danço na tua emoção
És minha guia, minha alma, meu farol
Por ti derrete meu triste e pobre coração

LÚCIA MACHADO / RAUL CORDEIRO

23/11/2007

P.S. Obrigada amigo Raúl, pela oportunidade
de fazer este belo poema, em conjunto contigo
foi uma honra!

21/11/2007

Desassossego


Caminho por entre memórias, histórias…perco-me de mim, encontro-me entre o real e o irónico…

Subo muralhas, trago pensamentos…desejo estrelas, perco-me no luar, amo a noite nela contemplo o teu olhar…

Grito, de forma inaudível…faço do querer a esperança, como uma criança que sonha... Faço do sonho um mundo só meu…trago fantasias dos recônditos amores, onde a vida pula e avança.

Atravessa-me a nudez da alma…eclodem sentimentos… revolta em forma de palavras, com que adoço a amargura e embalo o pensamento…

Amo…sim! O amor que me faz viajar para além dos astros…crio em mim um calor que queima o amanhecer…que arde sem se ver!

Sou tempestade! Arraso com a minha alma! Apunhalo o coração! Do sangue, faço o licor que irá saciar a minha sede…

Tenho a solidão como companhia…eu e os meus fantasmas, os meus medos e a minha alma…
Tua ausência me fere…mas, não me mata!

Sou o Sol e a Lua!
A chuva e o mar!
O pássaro que voa e o que aprende a voar!

Sou vulcão! O teu problema e solução…

Não me fales da razão! Eu sou emoção!...locomotiva da paixão
Sou Fénix, renasço das cinzas mesmo sabendo que hei-de morrer!

Mas, sou tijolo, reconstruo…recomeço
Sua tua memoria e teu esquecimento…


(Lúcia Machado)



Poeta sem nome


Talvez nem tenha nome!
Não sei por onde vai...
Vagueia por aqui…
Vai por ali...
Perde-se acolá!
Chamam-no…não responde!
Não quer saber!
E lentamente,
Arrastando um corpo cansado,
Olhar amedrontado, enrosca-se,
Algures entre a realidade e o sonho…
Puxa de um lápis…
E num papel amarrotado, escreve…
Escreve…
Amores e desamores
E das lágrimas, faz um sorriso
Das palavras…melodias em forma de versos
Dizem, ser um Poeta,
Cuja alma vive atormentada...
Julgo que não!
Poeta…sim!
Mas, de alma lavada!

(Lúcia Machado)

19/11/2007

Monotonia d´um Poeta (isa)


Sempre o mesmo horizonte
A mesma estrada sem fim
O tempo indefinido
A saudade em mim
O mesmo luar em noites de vicio
Estrelas cadentes em forma de suplício
Nuvens que pairam no meu coração
Céus rasgados, ao som de um trovão
Chuva que cai…lágrimas de dor
Lavam almas, desvairadas de amor
Ondas divergentes, voz do mar
Caravelas em risco de naufragar
Canto da sereia…
Marinheiro que devaneia
Aurora… gélido cristal
Caixa de Pandora… origem do mal
Mãos que enlaçam, corpos fundidos
Vibrações…em vales perdidos
Poemas que escrevo, em luz convergente
Alma que despega, de um corpo presente

(Lúcia Machado)

16/11/2007

A janela do ontem


Tudo tem um tempo
Há um tempo para amar
Um tempo para chorar
Tempo para curar
Para aceitar

Como o rio, que segue o curso natural
Assim como, o dia dá lugar à noite
Como as Andorinhas, que vão e voltam na Primavera
Ou mesmo, como barco à deriva, que encontra o rumo

Como um pássaro livre que voa…

A saudade deixará lugar à tranquilidade
E, o saber esperar…
O poder acreditar no novo amanhecer
Pacientemente…
Fará de mim um novo ser…

Acho que é isto!!

Esperarei tranquilamente
Por um novo dia…
Por ti…

(se assim tiver de ser)


(Lúcia Machado)

15/11/2007

Dói..como dói!


Dói…como dói!
E não sei como anestesiar!
Mudem as compressas ao pobre coração
Que se esvai em sangue…
A ferros, tirem esta dor que sodomiza
Façam do corpo ânfora, em barro moldado…

Da alma que se foi…ficou o rasgo da carne!
Cicatriz, ferida aberta…
Lágrimas, transformadas em soro
Alimento…sustento
Ah! Abutres!!
Aves de rapina…
Saciem a fome!
Esta carne, já não é minha!


(Lúcia Machado)

14/11/2007

Pergunto ao vento por ti


Pergunto ao vento por ti
E o vento passa e nada me diz

Pergunto aos rios que levam
As lágrimas do meu coração
E os rios não me respondem
Deixam-me sem chão

Pergunto ao condor até à cotovia
Eles cruzam os céus…
Nada me dizem de ti
E minha alma, jaz, na pedra fria

Pergunto ao Sol e à Lua, notícias de ti
Sorriem… dançam com as estrelas
Ao acorde da minha tristeza
Nada me dizem…e deixam-me aqui

Pergunto à solidão que passa
E a voz que emudece
Não me responde…
Faz da tua ausência minha desgraça

Pergunto ao vento por ti
E o vento passa, e nada me diz
E pela primeira vez…
Sinto que morri


(Lúcia Machado)

13/11/2007

Delírio de uma alma carente


Frio…sinto frio!!
Um frio que me gela a alma…
Fechem as portas, as janelas!
…Esse vento que me assola de onde vem?

Frio…sinto frio!!
Estarei doente?!
Ou será apenas o corpo cansado, dolente?
As pernas, não obedecem!
A alma que desfalece…

E entra pela janela a luz, sempre de noite!
Deliro!!
O frio, o vazio que persiste…
Tragam mais cobertores!
Que me sinto morrer!!

Não ouvem?!
Só, sinto-me só…
Mesmo rodeada, de quem me quer bem…
A solidão, o frio a minha cama…
Frio, sinto frio…aqueçam a minha alma

(Lúcia Machado)

10/11/2007

Naúsea


Quem me tira esta angustia?
Esta náusea do passar dos dias!
A alma acorrentada, o corpo dormente
Que sangra em vales de gritos afundados…rio corrente!

Venham os lobos, em perseguição da carne dilacerada
Rasguem-na! Saciem-se no meu sangue, matem a fome!
Que esta que vêem…não passa de pedaço de matéria orgânica,
Que irá servir de alimento…húmus serei! Mais nada…

Debica-me os olhos!
Alcião, com asas de Sol…
Em dias alciónicos…
Faz da íris o teu mar, o teu ninho…

(Lúcia Machado)

Pinto o rosto, crio a máscara de palhaço


Pinto o rosto, crio a máscara de palhaço
Dispo a tristeza…
Infindável beleza…
No circo da vida…crio cores de emoções,
Invento sorrisos, faço do ser obscuro, alegria incontida,
…Gargalhadas, expressões mistas, criadas num mundo fantasista
Choro…rio…canto…espanto!

A alegria nos rostos…sorrisos rasgados…
Trazem-se o sossego, desejos por vezes camuflados…

A alma que chora…a minha única cúmplice…
E como farrapos, arrasto os pés sangrentos,
De volta ao meu refúgio...questiono
Quem me dá ferramentas, coragem…
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Eu amo o horizonte e a miragem
Amo os rios, flores e os desertos…

Desenho o meu abrigo, na tela inexplorada,
Por mais que faça…não sinto nada!


(Lúcia Machado)

08/11/2007

Levaram-te...


Levaram-te! Levou-te o vento
…a maré-alta, nas asas do condor
Afastaram-te de mim…ficando o tormento!
Antes o dia… por ti brilhava
Tua alma em voos livres…a minha fintava

Agora geme sem alento,
Só as noites eternas…ouvem seu lamento
Um suspiro, um desejo…um sonho que se desvanece
Jaz esquecida, em vales perdidos, ilhas encantadas
…e ali permanece

Não sei, se era teu abraço, refúgio do meu coração
Paraíso de tanto encanto…minha luz na escuridão



(Lúcia Machado)

Ao Poeta da minha alma




Tocas nas almas que alguém esqueceu
Quando a vida perdeu o sentido, para os passantes
Que seguem errantes, em busca da paz desejada,
…Nunca encontrada

Procuras ávido, aquilo que o céu não acolheu
Com as tuas mãos, acaricias corações, olhares em sofrimento
Trazes no olhar a doçura…minimizas vidas de tormento

De braços estendidos, como uma criança,
Abraças um mundo de dor, anseias ver sentimentos,
Emoções, transformadas num mundo pleno de paz…de amor

E ao anoitecer, perdes-te nas palavras…
No silêncio das músicas…nas poesias, por ti declamadas
Na arte do silêncio, na melancolia…transformas um novo dia


(Para alguém mt especial)


(Lúcia Machado)

Saudade de ti


Trago no peito a saudade, do teu olhar…
Já não sei andar só pelos caminhos
Mesmo a ausência de ti, me faz lutar…
Contra ventos, tempestades…moinhos

Se não te vejo, imagino-te em busca de mim
Se te vejo…tremo, com a realidade de te perder
Escuto sem te ouvir… e correm os dias assim
E os meus pensamentos! …sensações mistas do querer

Deixo-me ir, onde o vento me leva
Faz da alma, folha perdida, solta pelo ar
Não peço nada a ninguém, só a ela, que me deixe sonhar

E na ponta da espada me deixo morrer…
Que depositas no meu peito? …sinto cheiro de jasmim
Sinto a presença do Poeta, serás tu? Será, que choras por mim?


(Lúcia Machado)

02/11/2007

Meu Zahir


Gostava de criar para ti, o meu coração perfeito
Ser a tua musa inspiradora…ser aquela que amasses
Perder-me de ti, para te encontrar em mim…

Ser poema que sai do teu pensamento
Que pensasses em mim a todo o momento
Que dissesses: hoje sou feliz! Porque hoje eu amo!!

Que olhasses para mim
Como foi um dia, assim…

Pudesse eu ser a noite, o dia…
Ter-te perto de mim, como companhia
Ser a música que te embala

A mão que te acaricia
Os braços que te enlaçam
Ser a tua Lua, Sol, o mar
O beijo desejado
A alma e corpo, por ti amado


(Lúcia Machado)

A outra parte de mim


Já caiu a noite, minha eterna companhia!
Como gosto desta paz! …do silêncio… tudo é ausente
Instala-se em mim, o repouso que chega com a noite fria
Deste lado do tempo…sinto-me guerreira-menina…omnipotente

A maioria gosta do dia, eu não o nego, não!
Apenas aqui, sonho que acordo dentro do meu sonho, que mereço
Para o saber mais certo e real…alma crescendo sem confusão
No dia…deixo um outro pensamento, outro ser, que não reconheço

Sofro uma metamorfose, em palavras decifradas
Alimentada em sombras na voz das estrelas
Esquecem-se histórias, criam-se poesias em ânsias declaradas
A cada instante, renasce, uma, duas, utopias das mais belas

E dá lugar, ao ser diurno, uma outra voz, um outro querer
Como quem tendo sede…vê na escuridão a fonte que a sacia
Perdendo a “lucidez” do cioso tempo, que fica a esmorecer
E a aurora longínqua!...Corpo e alma unidos em plena supremacia


(Lúcia Machado)

31/10/2007

Invisível




Como o vento, que me acaricia e beija
Invisível sou…aos desígnios do amor que flameja
Sigo, em passos acelerados, alguém me ouve? …estarei surda?
Pergunto-me!!...porque tudo no mundo morre e muda?

Pudesse eu ser a Lua! Astro, reflexo da solidão
Faria da noite minha escrava, utopia, eterna paixão
Invisível não seria…aos teus doces olhos, marejados
E do mar, faria, os meus desejos em veludo guardados

Invisível…como o fogo que arde sem se ver
Mergulho, as angústias lacrimosas em baú fechado
Do crepúsculo, invento palavras à razão do meu fado

Gostava de criar para ti, as palavras que não existem
Invisíveis ao comum dos mortais…aconchegar-te, abraçar-te
Ter-te e perder-me de ti, por quem não existo… Amar-te


(Lúcia Machado)

30/10/2007

Os cinco sentidos do meu amar


GOSTO da solidão…
…do refúgio da minha alma, nos recantos sentidos, do meu amar

OLHAR a noite…
…a Lua nua, as estrelas cadentes, céu omnipotente, sobre a terra e o mar

TOCAR as tuas mãos...
…toque, que me acalenta o peito que chora, um silêncio audível, em ritmos acelerados

CHEIRAR a tua pele…
...é fresca maresia, perfume que se espalha, puro delírio, aroma raro, infiltrado

OUVIR a tua voz…
…agita inquieta o meu pensamento, cria devaneios, ilusões no coração malfadado



(Lúcia Machado)

27/10/2007

A queda de um Anjo


Sou aquela que vagueia, em busca de ti,
Na constelação das estrelas, tendo o céu como arena
Invoco a terra e o mar, em nome de quem não esqueci
Agarro as asas, lanço-me na noite silenciosa que me acena

Não toco hinos ou tambores só para vencedores,
Toco também, para pessoas batidas, assoladas pela dor
Sopro nas embocaduras, o sopro dos enjeitados amores,
Vencidos, em forma de mil desejos ou esplendor

Em todas as almas revejo…
Reflexos de sonhos, desejos esquecidos
Busco pela paz das almas perdidas, num simples beijo

E a alma que subiu ao céu, ...desceu ao mar, está no chão!
Entre dor, com os lábios calados confunde os mortais
Renasce, envolta num manto de puro algodão


(Lúcia Machado)

23/10/2007

Caravela de Sonhos



Ao longe uma caravela…conta odisseias,
Carrega com ela, sonhos feitos ao luar
Marinheiros perdidos, ouvem canto das sereias
Escrevem nas estrelas, saudades…desejos no mar

Leva-me no teu rastro
A minha alma quero encontrar…
Ela, que só brilha longínqua naquele astro
Assim eu, que canto ou choro, poderei por fim, repousar

Entre ventos, tormentas do que somos
Tornou-se um estranho, o sonho sem se ver
Numa ilha por vezes habitada do que fomos
Desejos…que não precisam de morrer


(Lúcia Machado)

20/10/2007

Introspecção / Surrealismo


Em certas alturas da nossa vida, passamos por certas provações…não entendemos como sofremos e porque sofremos.
Cabe-nos a nós, a responsabilidade de encarar as coisas “más” como uma aprendizagem, como mais um passo em direcção ao nosso crescimento emocional/pessoal…
Devemos olhar à nossa volta, dar-nos por felizes…temos amigos, casa, comida e quem nos ame…exactamente como somos, sem esperar nada em troca.
Vivemos assolados por confusões de uma vida que não escolhemos, mas temos a oportunidade de tentar mudar o rumo da nossa história.
Pensamos que o nosso mundo “ruiu” quando sofremos desilusões…mas não devemos esquecer que também desiludimos…e o que faz de nós, melhores ou piores pessoas…é capacidade de levantar a cabeça, perdoar e seguir em frente…

Esquecemos que, existem pessoas com problemas bem maiores!!
Crianças que morrem de fome…quando o nosso planeta é capaz de produzir alimento para todos…uma mãe que chora, quando o seu filho lhe morre nos braços por falta de medicamentos…mãe que dá o seu ultimo bocado de água potável, ao filho moribundo…com a esperança que o dia de amanha, o melhore… (não será um problema bem maior?)

O planeta em “destruição”...progressiva, onde, nós humanos… (como gafanhotos), esgotamos todos os seus recursos naturais em benefício do nosso bem-estar…Guerras sem nexo o culminar da humanidade em todo o seu pleno egoísmo…

Se depois de isto tudo…continuar-mos a pensar da mesma forma…então, o nosso “crescimento” não passa de uma ilusão...
Devemos tentar fazer a diferença, olhar para nós…sim!

Mas nunca esquecendo o mundo que nos rodeia!
Pois, por cada passo dado em frente, fazemos a diferença, e tornamo-nos numa pessoa melhor!
Deixemos de lado as tristezas e sejamos felizes…com a sorte que temos.


(Lúcia Machado)





16/10/2007

Mãos que se enlaçam


Mãos que se enlaçam, palavras divergentes
Corações compassados, num rítmico soluçar
Corpos dormentes, que pairam sobre a vida, impotentes
Beijos… devaneios, utopias, loucuras ao Luar

Hei-de tornar-me fóssil em bosques orvalhados
Depois do tédio, do cansaço e das ausências
Húmus serei...metamorfose vegetal, sob tectos estrelados
Flutuará a alma, deliciando-se em perfumes de várias essências

Pensamentos, que cruzam o mesmo sentido em languidez
…e com os pés cansados de andar por terra ardilosa
Sob o céu, que me olha com toda a supremacia e altivez
Farei um poema em pedra, sobre a carne medrosa

Cansada, os olhos fecharei, ignorando a trémula luz do dia
Ilusão em estado sazonal…alma, néctar altivo
Que na noite se refugia…esquecendo o frio que agonia
Em deleite espiritual, estado dormente…limitativo




(Lúcia Machado)

15/10/2007

Queria


Queria…

Queria que fosses o mar, para em ti navegar...o meu céu onde eu pudesse voar. Queria que sentisses o que sinto, que fosses a minha alma, que abraça um coração que toca ao som dos acordes do meu pensamento, que me acalma…que fosses as palavras que escrevo, que voam por entre nuvens, na esperança de te encontrar…

Queria. Queria…ser o vento que te beija e o Sol que te deseja…Queria ser a Lua que te abraça e tu…o céu, que me enlaça…

Queria. Queria poder ter o dom da magia…tirar da cartola, a voz do teu pensamento, que aquieta a minha alma, das pulsações em ritmos acelerados…

Queria. Queria olhar para ti e dizer-te em silêncio, o quanto és importante para mim…Queria ser a água que sacia a tua sede…amar-te em segredo…sem medo.

Como eu queria…



(Lúcia Machado)

13/10/2007

Tempo rival



O tempo é meu rival, diz-me o coração, com tristeza!
Ouso esperar, por esse amor…o calor do seu abraço
Dançam os olhares…sentindo tanta beleza
Devaneios da minha imaginação, sorrisos no meu regaço

Pudesse eu, alcançar as mais belas pérolas num impulso
Pudera ser eu, o mar, para a Lua contemplar
Num trémulo olhar, pudesse eu beijar o seu pulso
E no rosto da noite a lucidez das jóias, e o seu olhar

Desliza o tempo, como um astro que ilumina
Lentamente que me provoca desvario
E tem a lentidão do corte da lâmina fina
Exalta o meu desejo no coração quente/frio

Louca visão do pensamento épico
Míticos delírios em apoteose total
Adoro no seu corpo o deslumbramento poético
Que me oculta a lividez de um rosto angelical


(Lúcia Machado)

Ausência em mim

Com tristeza me deito…
Com tristeza me levanto
Sinto um aperto no meu peito
Esta dor de te querer tanto!
Desejo…que este vazio desapareça!
Que esta ausência de ti, não me “enlouqueça”!
Se adormeço, sonho contigo…
Este aperto no coração…não quero que fique comigo
E ao acordar não me sais do pensamento!
Porque tenho de viver com este tormento?
Que mais posso fazer?
Quero tanto esquecer!
Serás apenas um devaneio da minha Alma?
Se assim for…quero na minha Alma viver!
Sem ti…não me sinto com forças, sinto-me morrer…
Olho o céu com carinho…o mesmo céu que te acolhe
A noite escura que te abraça… e a mim…peço que me olhe
Sinto a brisa pela manhã...imagino um beijo teu
Será que ao adormecer, o calor que sentes…sentes, como um abraço meu?
Nada mais importa!!
Sem ti…sinto a Alma…como morta

(Lúcia Machado)

06/10/2007

Por te amar assim


Não sei como te dizer…
Como exprimir o que sinto

Esta saudade sem fim,
Tua ausência em mim…
Por onde te perdes?
Que caminhos, segues?
Minha sanidade, minha loucura!
Não sabes como sinto falta, da tua doçura
Por te amar assim…
Guardo comigo a esperança, que um dia voltes para mim


(Lúcia Machado)

04/10/2007

Eis-me a nu


Eis-me a nu...nestas linhas que escrevo!
Desatino das palavras…alma em degredo
Flúem por entre os dedos, a antítese do coração
Decalcada em papel mata-borrão

Como vento ou água corrente…
Translúcida, fica a memória novamente
Um esboço, a aguarela pintado, em agonia
Sobre a tela do artista…um rosto, que eu vi um dia

Trago na ponta da caneta, historias da uma vida
Poemas indiscretos…como uma luz que surge indefinida,
Preservados num baú vindo do Oriente…
Onde jaz o descontentamento…roçando em mim asperamente

Refresco a alma, no embalo das palavras que me dominam
Ondas de sentimentos, que a minha vida iluminam
A voz, que por vezes enfraquece…
Deposita a esperança nestas linhas, poemas, que não esquece


(Lúcia Machado)

03/10/2007

Por amar…um Amor



Um dia encontrei um amor…
Lindo, sereno, trouxe de novo o Sol, expulsou a dor
Vivi com ele, emoções, ilusões, sentidos invertidos
Esse amor…julguei-o eterno, a alma gémea!...os sonhos perdidos

Entre poemas, noites, dias e horas de vício
Tocamos, unimos as almas carentes de amor, em luares de suplício
Procurei então no amor um viver descuidado
E por ele…eu perdi o discernimento, a alma! …meu triste fado

Muitas vezes, tacteio em busca da ferida
…no meu coração despedaçado…sinto-me perdida
Assim como um mar, num rítmico soluçar
Me perco em ilusões, para os destroços, silenciar

Como corpos dormentes, inertes entre esforços
Vagueio, por entre vales de sangue e humanos destroços
Minha alma está desgastada! Mergulhada numa profunda agonia
Entre tantas outras, perde-se na noite…cada vez mais fria!

É assim o doce-amargo do meu sentir…felicidade plena de outrora,
Lembranças que ficam, num tempo que se evapora
Ficará no lugar do amor perdido…
A saudade de um tempo louco, de um sonho…sobre nuvens construído!


(Lúcia Machado)

28/09/2007

Um beijo...


Um beijo é... um segredo
Um beijo é... a alma em degredo
Um beijo é... a suave doçura
Um beijo é... por vezes a nossa loucura
Um beijo é... amor
Um beijo é... lábios que se tocam sem pudor


(Lúcia Machado)

25/09/2007

Não quero morrer de ti


Tristezas há, as que ficam, num estado permanente
Diria, ate, que se entranham na alma doente
Na confusão dos sentidos
Perfumes mistos, criados ao som de acordes invertidos

Num baú, pudesse eu fechar a sete chaves
A desilusão que me assola sem entraves
Amor…veneno Angelical que saboreei sem perdão
Licor agridoce…que o amargo, deixa no coração

Eu serei a tua serva, em noites de ócio e vício
Tormento algoz, testemunha, adventício
Pensamentos que dormiam, estrelas errantes
Outrora ausentes agora constantes

Nuvem que paira, no céu do meu descontentamento
Alvíssaras te darei...se para longe levares este padecimento
Se um dia eu me ausentar, e pensares que morri
Não fiques triste não…não quero morrer de ti



(Lúcia Machado)

22/09/2007

Procuro-te


Procuro-te nos poemas,
Nos ângulos e nos vitrais
Nas músicas secretas…que ouço por instantes,
Nas palavras trazidas pelo vento,
Alegrias…tristezas inconstantes
Que são a voz do meu pensamento,
Cada hora é um tormento

Procuro-te na natureza,
Nos jardins…
Sobretudo nos que florescem na minha imaginação
…no rio da minha alma
Que corre em sentido inverso
Na chuva que cai…
Ainda…no cheiro da maresia, na maré-alta, na maré baixa…
No condor que voa em direcção ao Sol
…nas gaivotas que se refugiam em terra...
Na tempestade anunciada…
Caravelas vicentinas rumo ao destino incerto

Procuro-te na luz da noite,
No negro do dia,
Na Lua cheia…
Na conjunção astral da minha alma…
Estrela cadente rumo à morte anunciada

Procuro-te, num raio de Sol através de um vidro

Na queda das folhas, que esvoaçam ao sabor do vento…
Nas tardes de Outono, no misto das estações
No calor do abraço…ate a ti chegar

Como te chamas tu?
…que me faz doer de não ter mais que morrer?


(Lúcia Machado)


18/09/2007

Sem ti…sou…


Sinto a tua falta…
Sem ti…sou praia sem mar
Barco à deriva em maré-alta
Asas que não conseguem voar
Dias sem Sol
Que me fazem falta
Noites sem Luar
Rio que corre sem parar
Poeta sem inspiração
Alma que teima em divagar
Natureza sem fauna nem flora
Esta ausência que me devora
Regata ao sabor do vento
Outro pensamento…
Guarida ou covil feito tormento
Esmorecer sem entender
Régia sem Rei
Imperatriz sem trono
Odisseia sem dono
Politeama sem ti
…eu, não faço parte de mim


(Lúcia Machado)
... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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