“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

29/12/2007

Na memória das árvores


Na memória das árvores
A lembrança do que fui…
Olho para mim e não me vejo
Sou sombra, passado que não volta…
Inexistência da luz em noite escura
E na brisa que passa
Procuro os pedaços que perdi
Tento reconstruir a alma banida…
Aconchegá-la a um tempo
Escolhido por um destino que desejo

Na memórias das árvores
Procuro-te…
És, quem me indica o caminho…
O regresso a casa…
E no horizonte, onde me perco,
És a minha estrela polar…
Bússola na densidade do meu mar,
Onde me reencontro e reconstruo…
És pedaço de mim…
Lapa presa à rocha
Em maré baixa…

E no meio desta insanidade
Espero por ti…
Hoje…
Amanhã…
Para sempre…

(Lúcia Machado)

25/12/2007

Não quero ir para casa



Não quero ir para casa!

Ao abrir a porta…
A casa encontra-se vazia e fria
As paredes choram a dor da tua ausência
E no ar murmuram silêncios abafados
Ao som inaudível da minha voz…

Não quero ir para casa!

Onde a cama te espera
Com o lugar exacto do teu corpo
Onde os lençóis se enrolam
Nas lágrimas do meu peito

Não quero ir para casa!

Nada me espera lá…
Apenas a solidão do meu olhar
Na imaginação da tua voz,
Que foi minha…

Não quero ir para casa!

Ouvir a melancolia das horas,
Que passam invisíveis
Á falta da tua ausência silenciosa
Em acordes amargos e nocturnos

Não quero ir para casa!
Pois sei que, não te encontrarei

(Lúcia Machado)

22/12/2007

Meu amor é um delírio


Na pálida e noite fria
Tudo que me rodeia fala de ti
As horas que passam lentamente,
Lembram a sombra do que fui e que não volta

No piano saudoso à tua espera
Um sono de morte nas melodias
Relembram palavras soltas,
Poemas que escrevias

Aqui longe de ti onde me perco,
Lembro os momentos passados
Me recordo dos teus olhos, num tempo incerto
O olhar, doce e terno, que na ausência,
Me mata aos bocados…

E tu, que não te vens sentar perto de mim
Que não trazes o teu amor, que acalenta a alma
És como a estrela cadente
Que rasga o céu silencioso, numa dor que acalma

E uma tristeza irresistível que me assola
Cava um buraco bem profundo no coração
Punhal cravado no peito, que não ouso retirar
Faz do amor a dor que nasce da ilusão

(Lúcia Machado)

20/12/2007


Devo ser, a árvore fustigada pelo vento,
O solo onde me planto e cresço…
Serei o mendigo à tua porta
Tu, o pão que me alimenta...
Devo ser, água turva,
Suor efervescente,
Luz dormente em manhã dourada…
Serei telhado de vidro,
Frágil, ao peso dos pássaros que se abrigam...
Devo ser a pergunta à qual não tenho resposta
A curva que não se vê…
O muro que me trava...
Serei o uivo, que rasga a noite,
Em silêncio e devagar num murmúrio
Serei nada…serei tudo…


(Lúcia Machado)

Tudo o que vejo


Tudo o que vejo,
Esconde-se num fundo…
Num quarto escuro onde as vozes
Soluçam na escassez do tempo
Que cavalga algoz!
Envolvo num murmúrio
O brilho dos teus olhos
Que traça de novo a minha rota…
Volta para mim no silêncio da noite,
Traz de novo as tuas palavras
Que transforma a minha solidão…
Serve-te do que me resta…
És pedaço de mim…
Na ânsia do teu abraço
Reencontro e reconstruo
O meu coração

(Lúcia Machado)

13/12/2007

Se...


Se eu adormecer e não sair à rua…
Farás do dia...noite...um tempo que não tem volta?
Pedirás ao vento que me procure,
Na angústia de não me ver?!
Ou virás à minha procura?
Como quem anseia ver o Sol,
Após refúgio na escuridão...
Se eu morrer…
Sentirás a minha ausência?
Sentirás a falta do meu coração que corre veloz,
Assim, como um surto de luz na solidão?
Procurar-me-ás nas tempestades em dias de Inverno?
Ou na chuva mansa em dias de Verão?
Se eu faltar…
Virás à minha procura?
Virás te aconchegar no meu peito?
Curar as feridas do meu coração?
Se eu adormecer…
Se eu morrer…
Se eu faltar…
Virás me procurar?


(Lúcia Machado)

Encontro-me...


Encontro-me na sombra da azinheira
Entre o tempo da luz dormente e o infinito
Um lugar onde o vento prenuncia o teu nome,
Onde a brisa reconhece a tua passagem
E faz da árvore branca, memória do coração
Carrego na alma a inebriante doçura do teu olhar
Meu segredo… pulsar da vida em transfiguração
Janela fechada para outra dimensão,
Jaz o tempo que já não vivemos
Apenas a marca do destino que não sabemos

(Lúcia Machado)

09/12/2007

...Ao teu encontro...


Como um rio, que corre em direcção ao mar…assim, lentamente caminho para ti. Os teus olhos, o teu sorriso, a tua voz…como sinto saudades! E na solidão te encontro, entre o correr das horas e o cair da noite… permaneces no meu pensamento…dou por mim a pensar muitas vezes…beijarás outros lábios? Abraçarás outro corpo? Enlaçarás as tuas mãos, noutras mãos?...não posso! Não quero pensar nisso! Dói…dói muito!
Quero tanto, telefonar-te…ouvir a tua voz doce…e enquanto falo contigo, fecho os olhos, imagino-te ao meu lado…vejo-te de uma forma cristalina, cada traço do teu rosto, gravado na minha memória…sinto o teu respirar… e o teu sorriso que me ilumina, faz de mim pluma em queda-livre que esvoaça ao encontro de ti…
Quase que posso jurar, que te consigo tocar…toco devagarinho, com receio que a ansiedade te faça desaparecer no espelho de água da minha imaginação…
Não quero! Não te posso perder!
Eu sei, que não tenho o direito de querer o teu amor…mas, ama-me, não precisas de amar como eu te amo! Ama-me apenas o que puderes…
Saberás o quanto anseio esquecer-me? Sim…esquecer-me de mim! Apenas, encontrar-me num sítio onde me esqueço…e te encontro a ti…


(Lúcia Machado)

06/12/2007

Consciência...


Da ausência da luz
Areia movediça, em torno dos meus olhos
Morre numa lágrima o mundo
Em desespero profundo e languidez
Na curva do vento, tentei o teu segredo
E na palidez inexplicável da alma em degredo
O fechei, em baú do meu pensamento…
Arca de Noé, peito descoberto em dilúvio
Do sangue corrente
Ouvirei o cantar das águas adolescentes
Sem grande noção de ameaça
Ou renuncia…
E nas palavras do teu olhar,
Morrerei na despedida
Onde a luz silenciosa se demora

(Lúcia Machado)

04/12/2007

Tuas asas....meu corpo


Tuas asas…meu corpo
Tuas asas que sacodem a minha solidão
São minhas, as asas tuas...
Meu corpo ânfora, ao alcance da tua mão
Tuas asas, vida em mim
Alegria, em voo de luz
Asas tuas, feitas de Sol
Unem-se ao meu corpo
Numa simbiose perfeita…
Tuas asas...meu corpo,
Com elas me deito
Sem elas…
Da queda livre, faço meu leito


(Lúcia Machado)

02/12/2007

O dia da minha morte



Hoje chora-se o dia da minha morte…
Meu coração, parou às 13.00 horas em ponto
A causa da morte:
“Falha do órgão vital, devido à dor da tua ausência”
Sei que, não me deves chorar…
Pois, provavelmente nem te lembras que existo!
Ou então…talvez, um dia, te lembres que o meu silêncio é estranho…
E então, virás me procurar! Mas se o fizeres…
Te dirão:
-Morreu!
Morreu de uma estranha dor! Dizem que, se apaixonou
…e da dor morreu!
A que existiu…desistiu!
Não me chorem! Não!
A dor acabou…Onde estou…apenas sinto leveza,
Reencontrei a minha paz…acabou a tristeza
Se avistares ao longe, uma como eu…
Como a que um dia te amou…
Não te iludas!
Será apenas um corpo, que divaga sem alma,
Numa terra sem nome…
Num mundo longe de nós…
Não desisti de te amar!
Apenas, de lutar!

(Desisti de lutar…mas, não de esperar!
Pois, é o que me resta)

(Lúcia Machado)





Após,
O desafio feito por
Rosa Maria Anselmo
Deixo aqui a minha contribuição



Nas notas do meu pensamento, tocam músicas tristes de embalar…
Quero morrer no teu peito, como águia que se lança e aprende a voar...
Para mim, a tua existência transforma-se numa espécie de luz…
Alvorada que nasce serena, como pássaro que pousa nos ramos e me seduz.

Espero-te em qualquer lugar, até no silêncio da minha imaginação…
Com a intensidade das emoções, reclama-me uma atenção que me impede de pensar noutras coisas…o meu centro és tu! Vórtice, caravela da minha paixão…
Quero inventar os teus braços que me permitem descansar, sofrer, rir e chorar…

No reflexo da noite, a harmonia da pedra, o equilíbrio, entre a chuva e o ar que a sustém…busco fragmentos da minha carne rasgada…
E, no desassossego da matéria orgânica, uma intensa luz despe o mundo sem clemência, para nada!

Palavras ao vento…nascem quando cruzam com a doçura do teu olhar…
Pela mão do Poeta sem nome, floresce um novo amor, cria-se uma nova vida, uma nova história…
Dou-te o teu nome…és, o meu amor a minha vida a minha paixão! Poema sem nexo, onde acumulo impressões que se desintegram e se vinculam, formando matéria única, ligação ao poço da minha memória…

No sossego do teu abraço, quero ir para onde o resto da vida não me consome…
Sem ti…a aurora que entra pela janela não se coaduna com o desejo do que sinto.


(Lúcia Machado)

01/12/2007

Notas do meu pensamento

Numa tela, gostava de pintar o deus do Sol
E com ela, despir a Lua rainha
Criar lençóis de maresia no ar…
Beijos frescos, gotas de orvalho para te amar

Num misterioso nevoeiro
Pincelar a luz que te ilumina…
Quente como o Sol
…Doce com tu, que me fascina

No leito do rio…
Onde se banham peixes cor de prata
Criar o teu olhar, sedutor como o vento
Minha loucura e alento…

Focar a tua imagem num quadro só meu,
Pintar a tua boca fresca de madrugada,
Onde a saudade, desenha as tuas linhas perfeitas
Onde és tudo, e eu sou nada…


(Lúcia Machado)

Em qualquer lugar

Quero estar contigo ao Luar
No silêncio das estrelas
Olhar para ti sem dizer nada…
Onde o único som que se ouve,
Seja o bater dos nossos corações
Quero estar contigo no leito do rio
Onde as únicas lágrimas que correm
São as da chuva que nos inveja…
Quero estar contigo na solidão
Dar-te a mão…
Sentir o calor do teu coração
Seremos um abraço na noite fria
Fogo, que aquece as nossas almas…
Nosso sonho…nossa fantasia
Quero estar contigo no pensamento
Guardar-te onde a saudade,
Desenha as nossas linhas perfeitas
Entre, o espaço do bater das asas do condor,
E o encontro das nossas almas perdidas
Quero estar contigo…
No silêncio…
No Luar…
Em qualquer lugar


(Lúcia Machado)
... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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