“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

28/06/2010

Pensamento Soltos XX

...E um corpo jaz esquecido, numa outra página, num outro livro qualquer. já não é o mesmo corpo atrofiado, nem o mesmo coração dilacerado por uma boca vampiresca, sedenta da dor da Alma. não faz mais sentido revirar as entranhas. ou mesmo gritar as palavras silenciosas do cérebro em tumultuosa eclosão. o mesmo peito latejante que outrora rasgava a carne que o cobria, tem por agora as ténues manhãs com cheiro a maresia. essas mãos que foram garras envoltas nos ossos escanzelados. deram vida às sinuosas razões de quem não quer ouvir. as pernas amputadas que serviam de muletas ao corpo cansado, escondem agora todos os vícios do coração malfadado. todo o ser errante quer encontrar a caverna ou mesmo o ninho onde vai repousar em paz. e mesmo com as tempestades a cair sobre a cabeça. ergue as mãos e faz dos raios o alimento que irá saciar a terra. nessa terra onde serás húmus. onde novas vidas eclodirão... de que te vale chorar, se as tuas lágrimas não são mais do que gotículas camufladas sobre a chuva que cai. mata a sede e renasce de novo. as flores voltarão a florir. um novo corpo, uma cabeça, pernas, tronco e membros. Um novo coração.




(Lúcia Machado)

...coração negro?! Não! o coração é da cor da Alma...da cor da felicidade ;-)

24/06/2010

Pensamentos Soltos XIX

Continua-se a busca, pelo que está além do que nos transcende
O corpo é apenas uma prisão para Alma
Ela que se sente amarrada a esta vida cheia de expectativas materialistas
Porque é que a vida não pode ser simplesmente vivida?
Ter este compromisso de “arrecadar” mais do que a simples natureza oferece
…porque não se nasce com o objectivo único de…VIVER!
Apenas viver sem o cansaço de querer mais e mais!
Sente-se cansada…
Cansada da vida cheia de interesses por interesse…
Onde as novas amizades, não passam disso mesmo…
São utopias de laços criados
Todos com o mesmo intuito… o bem-estar de si mesmo
É tudo um teatro, peças encenadas por umas quaisquer marionetas
Um circo desgastado pelas falsas modéstias
E até cantarolado ao som do “politicamente correcto”
Falsas!
São também as ditas cumplicidades momentâneas
Onde cada um é por si!
Os tempos não são mais os mesmos...
Apenas se salvam as amizades desprovidas de interesse próprio
Agora, aquelas que rejubilam com o mau estar alheio...
Haja pachorra!
Não há mais cumplicidade, o crescer das amizades sólidas
Aquelas em que os amigos “dão a camisa, a camisola a casa até”
…apenas existem as ditas momentâneas,
Com o interesse do cultivo do próprio narcisismo
Ah!!
Não tivessem todos, uma estátua no meio da praça pública!
Haveria egos mais rejubilantes?


(Lúcia Machado)

08/06/2010

Pensamentos Perdidos entre o XVIII e o XIX :-P :-D

fui Condor, talvez falcão
Já voei por entre os teus olhos
Bati asas em direcção ao teu coração
Escalei as montanhas dos teus sonhos

E neles me perdi
Um dia chamei por ti
E tu tanto procuraste…
…que me encontraste

Perdi-me no teu abraço
E encontrei o meu espaço
E eu, sou mais do que o vento
Em ti me reinvento

Somos beijo delicado
Com tempo marcado
Nas horas que deslizam
Somos amor salgado

(Lúcia Machado)

Pensamentos Soltos XVIII

És um ser estranho, porque só as pedras roçam o teu coração.
Trazes nas mãos essas pedras de corrosão lenta… e os ácidos que se expelem pelo teu olhar, são os mesmos líquidos que roem a tua garganta sequiosa e empoeirada à passagem dos dias.
A tua carne, não é mais do que a veste da tua alma!
E fazes da tua aparente calma, o trovão das silenciosas palavras que são a inspiração.
Cambaleias por essas estradas sedentas do teu sangue…e o teu sangue é o licor da vida que elas não têm.
As paredes escuras alimentam-se da tua (in) sensibilidade, e ainda do teu curto espaço de tempo… em que caminhas junto delas…
E fica…
A tua Alma vestida de negro
No degredo das palavras em desassossego


(Lúcia Machado)

Nota: A pensar em todos os que se enamoraram pela "escuridão", para aqueles que optaram por fugir à felicidade e que se refugiam apenas nas palavras... não que seja um "defeito"! Apenas existe espaço para os dois... para o Amor e para as ditas...e aí, as palavras são muito mais doces... ;-) também já me anamorei assim :-P agora, graças ao meu Amor tenho espaço para as duas coisas...encontrei a felicidade :-)
... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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