“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

23/10/2009

Lamento

…não são apenas palavras, que chegam com o vento
Já nada espera os teus olhos marejados
Cristalinos, ausentes do querer terreno
Levitas agora, para além do consciente
Flutuas entre real e o irreal
Nem os pensamentos se apoderam mais de ti
...o certo e o incerto
Não fazem mais sentido
Rasgado o corpo, lamenta o cair da noite
Imóvel e rígido
Toma de assalto o ar que respira
Nem a folhas meladas pelo vento
Rasgadas pela chuva
Calam o teu lamento
Não mais tem saudades de um tempo perdido
O ser comprime-se e contorce-se
A cada nota… a cada chorar da guitarra lamuriosa
…as mãos, calejadas…
O amparo das lágrimas que regam o coração
E nem as palavras ausentes do vento
Nem as flores meladas pela chuva
Calam o silencioso tormento
…do corpo inanimado, quebrado sobre o tempo

(Lúcia Machado)

09/10/2009

A minha casa


A minha casa é um rodar de emoções
Nela habitam dilemas, poemas e canções
A minha casa tem paredes de leve luzir
Caiadas, a fresco orvalho da manhã
Os telhados são cobertos de folhas papel mate
Tem pinturas irreais, como o sentir da alma em desafogo
…as cortinas…
(Bem, terá cortinas ou não?)
Humm…
Tem sim!
As cortinas são feitas de… do tecido das estrelas
Tem unicórnios cor de fogo que irrompem pelo
Negro do céu.
(Jardim?)
Sim… também tem jardim com cheiro a terra molhada
Tem cães e gatos, ciosos do Sol que o beija ao amanhecer
… Existe também, um banco à entrada da varanda
e um baloiço para voar até ao limite da alma
…ainda uma fonte de peixes prateados
Um breve camaleão camuflado, que rodeia a espécie de lago
…Mais os pássaros de asas luzentes
A minha casa, tem a mãos dos poetas com coração de marfim
Olhos, que transparecem o pulsar da vida
…em minha casa, habitam todos os desejos, humores, amores…
Cada um, no espaço devidamente arrumado.
A minha casa, é de novo, paredes caiadas a um branco imaculado…

(Lúcia Machado)

07/10/2009

Diário...

Caminho sem saber por onde vou
Nos braços, carrego a solidão
Por mais que me rodeiem,
Por mais, que as mãos afaguem o meu rosto…
Tenho momentos de imenso silêncio.
Sou como a chuva que cai
Mesmo rodeada de outras gotículas
Caio sempre sozinha
…procuro o meu lugar neste imenso solo que me acolhe
E mesmo que me olhe…
… não me vejo
Gosto do som que as minhas semelhantes fazem
São como folhas soltas ao vento
E nessa liberdade me encontro
Na queda livre que me espera
…sou muito mais que uma simples quimera
Essa coisa resultante da imaginação
…sou corpo, alma…
…Gota de orvalho que desliza ao encontro da tua mão.





(Lúcia Machado)

... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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