“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

31/10/2007

Invisível




Como o vento, que me acaricia e beija
Invisível sou…aos desígnios do amor que flameja
Sigo, em passos acelerados, alguém me ouve? …estarei surda?
Pergunto-me!!...porque tudo no mundo morre e muda?

Pudesse eu ser a Lua! Astro, reflexo da solidão
Faria da noite minha escrava, utopia, eterna paixão
Invisível não seria…aos teus doces olhos, marejados
E do mar, faria, os meus desejos em veludo guardados

Invisível…como o fogo que arde sem se ver
Mergulho, as angústias lacrimosas em baú fechado
Do crepúsculo, invento palavras à razão do meu fado

Gostava de criar para ti, as palavras que não existem
Invisíveis ao comum dos mortais…aconchegar-te, abraçar-te
Ter-te e perder-me de ti, por quem não existo… Amar-te


(Lúcia Machado)

30/10/2007

Os cinco sentidos do meu amar


GOSTO da solidão…
…do refúgio da minha alma, nos recantos sentidos, do meu amar

OLHAR a noite…
…a Lua nua, as estrelas cadentes, céu omnipotente, sobre a terra e o mar

TOCAR as tuas mãos...
…toque, que me acalenta o peito que chora, um silêncio audível, em ritmos acelerados

CHEIRAR a tua pele…
...é fresca maresia, perfume que se espalha, puro delírio, aroma raro, infiltrado

OUVIR a tua voz…
…agita inquieta o meu pensamento, cria devaneios, ilusões no coração malfadado



(Lúcia Machado)

27/10/2007

A queda de um Anjo


Sou aquela que vagueia, em busca de ti,
Na constelação das estrelas, tendo o céu como arena
Invoco a terra e o mar, em nome de quem não esqueci
Agarro as asas, lanço-me na noite silenciosa que me acena

Não toco hinos ou tambores só para vencedores,
Toco também, para pessoas batidas, assoladas pela dor
Sopro nas embocaduras, o sopro dos enjeitados amores,
Vencidos, em forma de mil desejos ou esplendor

Em todas as almas revejo…
Reflexos de sonhos, desejos esquecidos
Busco pela paz das almas perdidas, num simples beijo

E a alma que subiu ao céu, ...desceu ao mar, está no chão!
Entre dor, com os lábios calados confunde os mortais
Renasce, envolta num manto de puro algodão


(Lúcia Machado)

23/10/2007

Caravela de Sonhos



Ao longe uma caravela…conta odisseias,
Carrega com ela, sonhos feitos ao luar
Marinheiros perdidos, ouvem canto das sereias
Escrevem nas estrelas, saudades…desejos no mar

Leva-me no teu rastro
A minha alma quero encontrar…
Ela, que só brilha longínqua naquele astro
Assim eu, que canto ou choro, poderei por fim, repousar

Entre ventos, tormentas do que somos
Tornou-se um estranho, o sonho sem se ver
Numa ilha por vezes habitada do que fomos
Desejos…que não precisam de morrer


(Lúcia Machado)

20/10/2007

Introspecção / Surrealismo


Em certas alturas da nossa vida, passamos por certas provações…não entendemos como sofremos e porque sofremos.
Cabe-nos a nós, a responsabilidade de encarar as coisas “más” como uma aprendizagem, como mais um passo em direcção ao nosso crescimento emocional/pessoal…
Devemos olhar à nossa volta, dar-nos por felizes…temos amigos, casa, comida e quem nos ame…exactamente como somos, sem esperar nada em troca.
Vivemos assolados por confusões de uma vida que não escolhemos, mas temos a oportunidade de tentar mudar o rumo da nossa história.
Pensamos que o nosso mundo “ruiu” quando sofremos desilusões…mas não devemos esquecer que também desiludimos…e o que faz de nós, melhores ou piores pessoas…é capacidade de levantar a cabeça, perdoar e seguir em frente…

Esquecemos que, existem pessoas com problemas bem maiores!!
Crianças que morrem de fome…quando o nosso planeta é capaz de produzir alimento para todos…uma mãe que chora, quando o seu filho lhe morre nos braços por falta de medicamentos…mãe que dá o seu ultimo bocado de água potável, ao filho moribundo…com a esperança que o dia de amanha, o melhore… (não será um problema bem maior?)

O planeta em “destruição”...progressiva, onde, nós humanos… (como gafanhotos), esgotamos todos os seus recursos naturais em benefício do nosso bem-estar…Guerras sem nexo o culminar da humanidade em todo o seu pleno egoísmo…

Se depois de isto tudo…continuar-mos a pensar da mesma forma…então, o nosso “crescimento” não passa de uma ilusão...
Devemos tentar fazer a diferença, olhar para nós…sim!

Mas nunca esquecendo o mundo que nos rodeia!
Pois, por cada passo dado em frente, fazemos a diferença, e tornamo-nos numa pessoa melhor!
Deixemos de lado as tristezas e sejamos felizes…com a sorte que temos.


(Lúcia Machado)





16/10/2007

Mãos que se enlaçam


Mãos que se enlaçam, palavras divergentes
Corações compassados, num rítmico soluçar
Corpos dormentes, que pairam sobre a vida, impotentes
Beijos… devaneios, utopias, loucuras ao Luar

Hei-de tornar-me fóssil em bosques orvalhados
Depois do tédio, do cansaço e das ausências
Húmus serei...metamorfose vegetal, sob tectos estrelados
Flutuará a alma, deliciando-se em perfumes de várias essências

Pensamentos, que cruzam o mesmo sentido em languidez
…e com os pés cansados de andar por terra ardilosa
Sob o céu, que me olha com toda a supremacia e altivez
Farei um poema em pedra, sobre a carne medrosa

Cansada, os olhos fecharei, ignorando a trémula luz do dia
Ilusão em estado sazonal…alma, néctar altivo
Que na noite se refugia…esquecendo o frio que agonia
Em deleite espiritual, estado dormente…limitativo




(Lúcia Machado)

15/10/2007

Queria


Queria…

Queria que fosses o mar, para em ti navegar...o meu céu onde eu pudesse voar. Queria que sentisses o que sinto, que fosses a minha alma, que abraça um coração que toca ao som dos acordes do meu pensamento, que me acalma…que fosses as palavras que escrevo, que voam por entre nuvens, na esperança de te encontrar…

Queria. Queria…ser o vento que te beija e o Sol que te deseja…Queria ser a Lua que te abraça e tu…o céu, que me enlaça…

Queria. Queria poder ter o dom da magia…tirar da cartola, a voz do teu pensamento, que aquieta a minha alma, das pulsações em ritmos acelerados…

Queria. Queria olhar para ti e dizer-te em silêncio, o quanto és importante para mim…Queria ser a água que sacia a tua sede…amar-te em segredo…sem medo.

Como eu queria…



(Lúcia Machado)

13/10/2007

Tempo rival



O tempo é meu rival, diz-me o coração, com tristeza!
Ouso esperar, por esse amor…o calor do seu abraço
Dançam os olhares…sentindo tanta beleza
Devaneios da minha imaginação, sorrisos no meu regaço

Pudesse eu, alcançar as mais belas pérolas num impulso
Pudera ser eu, o mar, para a Lua contemplar
Num trémulo olhar, pudesse eu beijar o seu pulso
E no rosto da noite a lucidez das jóias, e o seu olhar

Desliza o tempo, como um astro que ilumina
Lentamente que me provoca desvario
E tem a lentidão do corte da lâmina fina
Exalta o meu desejo no coração quente/frio

Louca visão do pensamento épico
Míticos delírios em apoteose total
Adoro no seu corpo o deslumbramento poético
Que me oculta a lividez de um rosto angelical


(Lúcia Machado)

Ausência em mim

Com tristeza me deito…
Com tristeza me levanto
Sinto um aperto no meu peito
Esta dor de te querer tanto!
Desejo…que este vazio desapareça!
Que esta ausência de ti, não me “enlouqueça”!
Se adormeço, sonho contigo…
Este aperto no coração…não quero que fique comigo
E ao acordar não me sais do pensamento!
Porque tenho de viver com este tormento?
Que mais posso fazer?
Quero tanto esquecer!
Serás apenas um devaneio da minha Alma?
Se assim for…quero na minha Alma viver!
Sem ti…não me sinto com forças, sinto-me morrer…
Olho o céu com carinho…o mesmo céu que te acolhe
A noite escura que te abraça… e a mim…peço que me olhe
Sinto a brisa pela manhã...imagino um beijo teu
Será que ao adormecer, o calor que sentes…sentes, como um abraço meu?
Nada mais importa!!
Sem ti…sinto a Alma…como morta

(Lúcia Machado)

06/10/2007

Por te amar assim


Não sei como te dizer…
Como exprimir o que sinto

Esta saudade sem fim,
Tua ausência em mim…
Por onde te perdes?
Que caminhos, segues?
Minha sanidade, minha loucura!
Não sabes como sinto falta, da tua doçura
Por te amar assim…
Guardo comigo a esperança, que um dia voltes para mim


(Lúcia Machado)

04/10/2007

Eis-me a nu


Eis-me a nu...nestas linhas que escrevo!
Desatino das palavras…alma em degredo
Flúem por entre os dedos, a antítese do coração
Decalcada em papel mata-borrão

Como vento ou água corrente…
Translúcida, fica a memória novamente
Um esboço, a aguarela pintado, em agonia
Sobre a tela do artista…um rosto, que eu vi um dia

Trago na ponta da caneta, historias da uma vida
Poemas indiscretos…como uma luz que surge indefinida,
Preservados num baú vindo do Oriente…
Onde jaz o descontentamento…roçando em mim asperamente

Refresco a alma, no embalo das palavras que me dominam
Ondas de sentimentos, que a minha vida iluminam
A voz, que por vezes enfraquece…
Deposita a esperança nestas linhas, poemas, que não esquece


(Lúcia Machado)

03/10/2007

Por amar…um Amor



Um dia encontrei um amor…
Lindo, sereno, trouxe de novo o Sol, expulsou a dor
Vivi com ele, emoções, ilusões, sentidos invertidos
Esse amor…julguei-o eterno, a alma gémea!...os sonhos perdidos

Entre poemas, noites, dias e horas de vício
Tocamos, unimos as almas carentes de amor, em luares de suplício
Procurei então no amor um viver descuidado
E por ele…eu perdi o discernimento, a alma! …meu triste fado

Muitas vezes, tacteio em busca da ferida
…no meu coração despedaçado…sinto-me perdida
Assim como um mar, num rítmico soluçar
Me perco em ilusões, para os destroços, silenciar

Como corpos dormentes, inertes entre esforços
Vagueio, por entre vales de sangue e humanos destroços
Minha alma está desgastada! Mergulhada numa profunda agonia
Entre tantas outras, perde-se na noite…cada vez mais fria!

É assim o doce-amargo do meu sentir…felicidade plena de outrora,
Lembranças que ficam, num tempo que se evapora
Ficará no lugar do amor perdido…
A saudade de um tempo louco, de um sonho…sobre nuvens construído!


(Lúcia Machado)
... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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