“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

26/06/2009

E assim nasceu o meu nome...

Nasci das eternas lágrimas…
Não sabem, se os olhos que me choraram, eram apenas deslizes da ténue memória… sei que nasci assim...
Sou como fonte que sacia a sede dos transeuntes… a água que refresca os lábios sequiosos da poeira da tarde…
Dizes:
-Não cabe em mim, todos os átomos da tua existência…apenas um vácuo me assola na tua ausência…
Respondo-te:
-Não sei, se sou a tua criação entre o Céu e a Terra…ou se apenas, plano, entre as duas realidades…
Na volta… serei miragem neste extenso deserto em que me retira a vida aos poucos...
Aragem, que à passagem alivia a dor do peito ardente.
Não nasci das trevas!... Mas sim do ventre da minha mãe, seja ela a lágrima que rebola!
E o meu pai, a criação do coração…
Nasci eu! …Saudade, de nome próprio…
Onde me reconheço a cada despedida, em cada lágrima…
...A cada, ´"até breve" e até um "nunca mais"…
Sou aquela, em que o espírito toma maior parte que as mãos.


(Lúcia Machado)

20/06/2009

A ti...


Diz-me, se eu te revelasse a minha alma

Dirias que me entendes?

Se eu te contasse que ela,

É uma louca que vive em constantes desatinos…

Seguirias ainda os meus passos?

Não sei se ela é um rio que corre desgovernado

Ou a criança traquina, adocicada pela tua mão

Parece que a liberdade é o único soro da vida…

É uma louca, que se libertou das correntes da mágoa

Um pedaço de madeira que navega nesse mar

O teu mar que acalma a minha turbulência

Se eu te contasse…

Acreditarias que foi a tua voz, que me beijou primeiro pela manhã?

…Que o teu abraço, trouxe a até mim a esperança

E, que nos teus olhos, renasceram todas a minhas alegrias

Saberias?

Se eu te segredasse…

Que na penumbra da noite, os corvos se lançam à tua chegada…

Na angústia do libertar da minha alma

Esses, os guardiões, que a aprisionaram durante as trevas

…Cegam ao vê-la tão luzente…

Precisam resgatá-la… mas resgatada já ela está!

Vive livre por aí… e presa a ti…



(Lúcia Machado)



17/06/2009

Ode à Primavera


São flores de mil cores,
Campos repletos de mil odores
São borboletas esvoaçantes,
Em voos derrapados e estonteantes

São os grilos, em frescas músicas anunciando o dia
É o bem-querer do calor, que se estende em tons alegria
São os risos cintilantes das crianças, em férias prematuras
O cair dos corpos, em ervas verdejantes e imaturas

As nuvens em formas imaginárias, tomando posição uma de cada vez
…Brancas são, da cor dos sorrisos translúcidos da fresca aurora
São os pássaros chilreantes, chamando as horas que correm na languidez
A brisa que passa... o degustar delineado do sabor da amora

É o renascer do tempo, em berço de ténue olhar
O aprender a caminhar, pela mão de uma criança
É o amor na estação envolvente… uma nova esperança
São sensações, alegrias, cores, risos, crianças e o Mundo a girar

(Lúcia Machado)


15/06/2009

Carregas no peito um coração pesado
Por vezes o fardo da vida, simplesmente se instala em ti.
Trazes nas palavras, dor, desilusão, desamor até…
Nada te entende, te compreende…
Refugias-te nas palavras, soro para a alma
E no complemento da música, a tua sina
É vida…mesmo que por vezes, estejas mais morto
Que o simples cair das folhas, em terra maldita.
Amas, sem saber o que te espera
Ou talvez não ames…
…E apenas te escondes, por detrás dessa máscara
Feita droga e álcool da vida…
Rasgas nas palavras as lágrimas de sangue
O inodor, ardente sabor da derrota
Abre o teu peito ao amor
Abre as asas, lança-te ao desafio que te abafa
Não sejas mais que um farrapo, desbotado, inanimado e sem sentido
Rompe o cordão umbilical da tristeza…
Renasce na simples aurora…
Recomeça a tua história.

(Lúcia Machado)

[...Feito a pensar em alguém...e em ninguém em especial...]

13/06/2009

Ama-me...


Ama-me.

Mesmo que as mãos te condenem, à ausência do toque

Ama-me…

Mesmo que o Condor quebre as suas asas no voo nocturno

Ama-me…

Mesmo que as lágrimas se tornem no pesado fardo da carne

Ama-me…

Mesmo que mil silêncios estilhacem a tua voz em profanos devaneios

Ama-me…

Mesmo que os risos se calem ao teu regresso ténue

Ama-me…

Mesmo que não tenhas mais nada para me oferecer...

Mesmo que a alma, se solte em ferozes carrosséis envoltos em grosseiras gargalhadas

Ama-me…

Mesmo que as forças te faltem

Ama-me…

Mesmo que na impossibilidade de estar ao teu lado… estejas presente em mim…

Ama-me…

Mesmo que me ames…porque me amas…

Ama-me…

Mesmo que a Alma se rasgue dentro de ti…

Mesmo… que o amor te cegue, te cale, te faça rir ou chorar.

Mesmo que me odeies, que me adores, que me sintas perto ou longe…

Ama-me…

Porque mesmo que percas o teu amor…não chorarás por mim…

Mesmo depois disto tudo…

Apenas ama-me… e nada mais!



(Lúcia Machado)


08/06/2009

Devaneios... 21ª Parte!!

Interrogo-me…
Serei mais que pó, num espaço compacto?
Ou serão as minhas imagens o reflexo de um ser menor?
Serei pedra ou caminho decalcado por entre as ténues folhagens da memória?
Cristal em estado bruto?
Ou diamante por lapidar?
Página branca de uma história?

Vácuo de uma memória?
Não sei o que me une neste espaço que me afoga
Ou o que me rasga a alma por fora…
Trago na garganta mil gritos na obscuridade da noite que me consome
Será a fome do paladar insosso da hortelã?
Ou vislumbre do horizonte rasgado pela brusca mão da manhã?
Caiadas paredes...brancas as loucuras obscuras das janelas engradadas
Fatos de sóbrio sentir…imaculados pensamentos
Tormentos em contínua eclosão…
Asas quebradas, vozes amarradas…
Pulsos cortados…
Coração esvai-se em contínua transfusão…
Peito exposto às balas de canhão…

(Lúcia Machado)


[...e assim continuam os devaneios! :-P
Ando com uma necessidade de escrever algo deste género!
Algo que liberte a alma... :-)
Acho que ainda não cheguei lá... :-P
Preciso do meus Poetas que me dão inspiração...
volto já!]
:-D

03/06/2009

Devaneios contínuos

Cresce na insegurança da carne, os insanos desejos
Sãos, são os devaneios…
Acordes dóceis da alma fantasista
Esboços de uma vida menor, sinónimo de breves anseios

Na tela da noite, surgem os delírios ténues
Singelos como a aurora Primaveril
...Como o cheiro das primeiras flores silvestres
Ou será das lacrimejantes águas de Abril?

Corre o rio, sem destino ou rumo traçado
Feroz, veloz ao encontro dos braços desaguados
No silêncio absurdo da boca madura
Palavras soltam-se ao encontro dos enamorados

Versos travessos, trémulos olhos envergonhados
Destinos interrompidos, histórias por desvendar
Abraços apertados, corações em sobressalto
Beijos selados em olhares cifrados

(Lúcia Machado)
... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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