“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

29/07/2009

Se acordo…
Vejo-te nas leves cortinas que balançam
na tua vontade imposta, pela brisa que me beija

Há sempre um piano que toca ao som do coração

Há sempre uma imagem do teu rosto reflectido

…nas minhas mãos que te aconchegam
plantam no olhar a certeza do sentir
…do sentir, de quem regressou da busca da Alma perdida
De braços abertos...
recolho as lágrimas
derramadas sobre o peito rosado

Em cada movimento
Tacteio, e das pontas dos dedos renascem
Quimeras e cifras vidradas pelos teus passos
Observo-te, e ao canto, disfarçado,
Encontro-te entre tecidos esvoaçantes

Os cabelos sedosos
Deslizam as horas em torno do teu olhar
Doce como a breve manhã de orvalho
Amargo como o delicado e altivo trovão


(Lúcia Machado)

22/07/2009

Retiro...


Quero um lugar seguro…
…Um lugar, onde não seja proibido sonhar...
Preciso de um lugar, quente e por outro lado, frio também...
Necessito de um espaço, em que a memória possa descansar
…e também um lugar louco para ela rodopiar…
Quero um lugar de finas areias brancas
De conchas abafadas pelas ondas do Mar
Preciso de palmeiras…
…de água de coco para acalmar a minha sede
Quero ainda um poeta, e um cantor lírico, para as poesias cantar
Gostava de ter também, uma esteira…
…e uma manta para me cobrir…
O conforto de uns braços para me deixar dormir…
Peço ainda, que seja um lugar isolado do Mundo
Uma Ilha de Sal…ou ainda uma praia de água doce
Preciso do canto de uma ave silenciosa
De uma cabana construída sobre uma árvore...
De uma canoa…de uma cana de pesca, para conseguir pescar…
Quero um Sol dourado e uma noite prateada, com estrelas que velam o meu sono…
Quero um unicórnio branco, que me levará a cavalgar pelo azul do céu
…um corvo que camuflará a minha presença na noite
Preciso de chuva para lavar a Alma
De um sono profundo que me leve para um qualquer lugar
Para uma hora...para um sítio que me dê alento…
...um sítio onde te encontre…
Preciso de balançar nas asas do vento…


(Lúcia Machado)

21/07/2009

Caçador(a) de Estrelas


Encontro-me, envolta nas tuas palavras que me embriagam o sentido de orientação… sinto que sou capaz de voar em direcção às estrelas, e nos teus olhos, a força necessária que preciso para as ir buscar…carrego no peito, a veloz e suave voz do tempo… ele sussurra-me os segredos de todos os deuses, sejam eles da Terra ou do Ar… num silêncio profundo, cobre-me com o manto da noite, como se eu fosse um astro perdido em vácuos de intermitentes (in)sanidades… numa corrida contra o tempo só me julga a voz, crescente no limiar do horizonte em que me perco… de repente! Dou por mim sem asas! Como é possível eu conseguir voar? Desespero! Julgo que vou cair neste mar imenso, onde me aguardam todas as vidas de um oceano em tumultuosa agonia… serei alimento para as criaturas marinhas, monstros de dentes afiados, sedentos de sangue que lhes sacia as guelras que respiram o fim da vida… não consigo voar! …num desespero que me dilacera a mente e o corpo, a velocidade atinge o seu pico… em queda livre, bato os braços, na esperança desesperante, que deles, as asas voltem a crescer… num grito agoniante o corpo dá de si… são músculos contraídos, enrijecidos, paralisados com o medo do destino que me aguarda… vejo-os a eles na superfície da pérfida água, bóiam à sua volta velhas carcaças de seres irreconhecíveis, são Cães de três cabeças, os guardiões desse inferno feito Árctico, corpo nu, envolto numa mortalha de foice na mão... sinto o cheiro da morte a chegar devagar… e nada posso fazer…entrego-me ao destino…fecho os olhos e sonho contigo…se vou morrer e servir de alimento para esses Lobos Marinhos…que seja então e apenas mais um(a) caçador(a) de Estrelas…, mas, que fez delas os olhos do Mundo entregues ao mar… dou de mim… num último desespero… bato de novo os braços...

(Lúcia Machado)

20/07/2009

Só tu me preenches...só tu me entendes...Teus olhos tão doces...que são "meus"...
Num beijo todo o amor...nos teus lábios os segredos do Mundo...
No teu abraço me perco...
...nas tuas mãos... solta-se a Alma...num suspiro profundo...



(Lúcia Machado)


[...ao meu amor, aquele que me dá força... o único e verdadeiro...]

Poema cansado

Preciso que alguém corte estas amarras…
Sinto-me cansada, desejosa pelos dias de ócio
Preciso de Luz, de Sol, de mar...
…a minha Alma clama, pela liberdade fora destas quatro paredes
Sente-se comprimida, esmagada nestes papéis de fadiga murmurante
Todo o meu ser se sente esgotado…
…acorrentado aos dias que passam devagar
Dêem-me lamurientas brisas, que decorrem ao sabor do desejo
…campos verdejantes com cheiro a jasmim
Um leito do rio onde me possa estender
Preciso das árvores, das borboletas de mil cores
De oceanos trémulos, corais de mil odores
Anseio pelas nuvens feitas de algodão
Pedaços… de sentidos abraços
Desejo de solidão
Estou cansada, os meus olhos não mais obedecem à vontade da razão
Preciso do sono reparador das amoreiras, onde me alimento
…de um beijo apaziguador…
Preciso do canto das aves, dos grilos em noites amenas…
Preciso…

(Lúcia Machado)

17/07/2009

Memórias de uma transeunte


É nesta ânsia em que vive.. que todos os pensamentos, se transformam em leves penas esvoaçantes… no espelho em que se vê… Todo o ser se reconstrói em mudanças inertes à vontade de outrora… indolente, o tempo espreguiça-se. Não mais quer saber, da verdade induzida… inserida na fórmula incoerente de um passado seco, descontrolado da mente insana…
Longe vão as noites obscuras, sobre o manto feito espinhos... aquele que abraçava a sua Alma profanada pela calada da tristeza… ignorância da vida que se fazia trevas…
Vive agora, em constante ensejo… desejo, de um novo crescer… um Sol que a aquece, até ao limiar de um horizonte agora colorido… expectante… criado ao som de um coração, que bate mais forte… vale a pena sorrir… só esta leveza, leva a insanidade… de novo, a contínua vontade de viver… de voar até onde o pensamento a levar… repousa agora… fora desse carrossel desgovernado… é mais, que um corpo cambaleante…
O Mundo se tornou rosa, azul, verde, amarelo, branco, prateado, dourado até… assim com os olhos postos… com toda a calma…vislumbra a cada dia… um novo amanhecer.



(Lúcia Machado)

14/07/2009

Fui-me perdendo

…palavras “desconexadas “
Desprovidas de ligação politicamente correcta
Junção assimétrica de uma mente (in)sana
…perdida por vales… outrora bolorentas valetas de vidas cansadas

Num grito…
Soltou-se a voz que vai sendo escassa


Conheço o seu destino
Algures, despojada da inócua razão
...Pedaço de pão
Ou alimento da alma enfeitiçada

À ternura me vou acostumando
Em sentidos pedaços
De um longínquo ser




(Lúcia Machado)

12/07/2009

Confissões...


…Não são as palavras que digo o quanto sinto…

…E como sinto…No olhar transparece o meu amor…

No sorriso a minha alegria…

Perdi-me outrora por vales de mortos e criaturas errantes

Rastejava, sob as feridas abertas do coração destroçado

A noite era o sonífero para o corpo dilacerado…

Só ela me acalmava as dores, da carne rasgada por esses lobos

…Cães enraivecidos pela clausura da alma acorrentada

Olhos estáticos, ausentes das horas de sono imploradas…

…Vidrados, cambaleantes em ruas feitas trevas, desprovidas de vida

Onde a luz é a fonte de todos os sentidos.

Cobri-me com esse manto escuro, refugiada de todas as formas de viver

Por onde olhava, só via uma réstia do que fui…

No espelho, o rosto que reflectia, não era mais o meu!

Emagrecido e assolado pela ausência…

A “fome” era suportada pelas páginas brancas da memória…

Preenchida ao longo de dolorosas horas de suplicio…

O mundo ruía a cada segundo, na mais hipócrita ironia.

Hoje…

…Sou aquela crisálida que renasceu na tua Primavera…

Lentamente, desabrocharam as asas, que outrora tinham sido arrancadas

Devo-tas...

Porque só tu acreditaste num novo ser…

E se voo por ai… devo-o a ti…



[…Ao meu Amor…Obrigada!]




(Lúcia Machado)


Amizades (de)crescentes



…Impiedosamente gargalhas o que chamas amizade

Na crueldade das palavras, camuflas a utópica dita

Não será o piedoso sentimento, envolto na descrença da humanidade?

O conceito desconceituado da mente fragilizada?

Amigos são os que se importam, que nos procuram mesmo quando nos ausentamos.

São aqueles que batem à nossa porta, insistindo, mesmo que não estejamos lá…

Batem duas, três vezes, mais até… e não esquecem…

Amizade é mais do que dizer a palavra…

…Se não se sente, não tem significado…

…É como bolo recheado, estragado, com uma bela cobertura…

Amigos há… longe e tão perto…

Amigos são, aqueles que vivem no nosso coração…

Nos procuram e dão à palavra, a verdadeira razão…



[…um brinde às verdadeiras amizades…]



(Lúcia Machado)


... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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