“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

26/03/2008

Nós...

Entre nós, as palavras surdamente,
Se transformam em braços que nos embalam
Por termos connosco, as mãos que se tocam
Entre espasmos de desejo…
…Silêncios, que não se calam

Num sossego impossível de descrever…
Ritmos descompassados, palavras nocturnas
Beijos declarados, poros dilatados…
Neste manto, de doce querer

E assim, se misturam os desejos,
Devaneios, tornados realidade
Corações quentes embrulhados
Nos teus lábios…
Murmúrios, acalentados...
De uma embriaguez sem fim


(Lúcia Machado)

21/03/2008

Deito o meu corpo num campo claro
Fecho os olhos, sinto o aroma das flores
Fragrância do mais puro amanhecer
E na tua voz…
A música que irrompe o dia em mil cores
Dando lugar à mais perfeita melodia…
Recolho o teu beijo
Meu desejo, que mais ninguém há-de sentir
Apenas tu…
Que trazes o perfume da luz,
A frescura da água em cascata onde me refresco
Sob o Sol que acarinha e me seduz
E a minha alma será a tua liberdade,
Os teus sonhos, abraçados em tela de mil sabores
Onde pinto o adormecer da nossa saudade
Em campos perpétuos dos mais doces odores


(Lúcia Machado)

19/03/2008

Doce...
Doce é o teu madrugar
O olhar seguro dos teus olhos
O poder do teu sorriso que me faz renascer a cada dia
Doce é o encontro, que preenche o vazio do meu coração
A água que sacia a tua sede e me refresca na solidão
Doçura...são as tuas mãos, inebriantes
Pura seda, distantes…
Doce é o teu amparo, nas horas longínquas do troviscar da minha alma
Na meia-luz do teu corpo…
Encontro a doçura que me afaga e acalma
Doce é o teu nome, proferido vezes sem conta no meu pensamento
Embalado nas ondas do luar ao relento…
Meigo, doce é o teu beijo ao encontro do meu
Geometria perfeita da tua boca fresca de madrugada…
E, num súbito encaixe perfeito…
Me perco no teu abraço…
Movimento doce, que me confunde
Junção perfeita de dois corpos no espaço


(Lúcia Machado)

15/03/2008


Olha para mim…
Abraça-me…
Sente o pulsar do meu coração
Não o deixes parar…
Contigo, serei mansidão na noite
Nas horas de desvairo em que me perco
E te encontro…
Dilacerei este corpo na sede do teu amor
Esta dor tão real,
Que me lembra as horas dormentes…
O não respirar…
Como se, na tua ausência, o mundo ficasse asfixiado…
Comprimido ao simples passo da tua sombra…
E ao toque saudoso da tua mão…
Num gesto singular…
Serei a chama que arde lentamente…
Caravela à deriva no teu mar
As ondas onde te deitas
Na praia da minha imaginação

(Lúcia Machado)

07/03/2008


Traz-me a lonjura do teu olhar
A maciez perpétua da tua pele
Em lençóis bordada

Traz-me o tempo
Em que te sinto perto de mim
Na quietude da dor da tua ausência

Volta, com os sonhos desvanecidos
Amarrotados como uma folha de papel

Pinta, com as lágrimas que rolam pela face
A alma que esmorece…
Um corpo cansado que desfalece…

Traz-me a paz, o equilíbrio perdido
Esvazia-me o coração a cabeça!
Para não te dizer o quanto eu sinto


(Lúcia Machado)

Hoje…hoje sinto-me assim…
Como uma menina
Que quando cai e se magoa
Corre para o colo da mãe
E o abraço que a envolve
Tão doce e terno
Faz com que a dor minimize
O simples toque
O cheiro da mãe
Que nos acalma
Num conforto que aquece a alma

Hoje...sinto-me assim…
Triste…
Hoje…gostava tanto que estivesses aqui
Ao pé de mim


(Lúcia Machado)

Gosto de ti...


Gosto de ti
Como quem gosta de chuva
Em dias quentes de Verão

Gosto de ti
Como o acorde doce da guitarra
Sedativo, alimento na solidão

Gosto de ti
Como quem gosta do mar
Das ondas, em sentido viver

Gosto de ti
Como o beijo tímido,
Suave, dos enamorados

Como o bater do coração
Ao mínimo toque da tua mão
Num rítmico bater acelerado

Como corpo em desvario
Sabendo que te pertence
Na ânsia da mente em rodopio

Gosto de ti
Como a Lua que entontece
Como o Sol que me aquece
Como a brisa que me beija
Como corpo e alma que flameja

Gosto de ti
Gosto… de gostar de ti
Porque gostas de mim

(Lúcia Machado)

04/03/2008


Quero adormecer no teu regaço
Onde me sinto protegida
E no teu abraço…
A confusão da alma, se sente acolhida

Deixa-me ficar, onde me perco
Na ternura do teu olhar
Que vislumbra este meu ser
E na timidez de um beijo teu, me fazes sonhar

Preciso beber as tuas palavras
Licor doce, que sacia a minha alma
Faz de mim menina-mulher
Luz, que na penumbra me encanta e acalma

Anseio o teu toque
Veludo, tecido em nuvens de algodão
As tuas mãos, são o freio
Que regula o desenfrear do coração


(Lúcia Machado)

Porque te quero?
Se, de tanto te querer,
Chego a morrer!
Se te tenho…
Desespero, se te perder
Se não te tenho…
Desejo, para sempre adormecer!
Sem ti…
Não existe o Sol que me aquece…
E na noite, a tua ausência, me enlouquece
Sou Julieta sem Romeu
Dalila sem Sansão
Eva sem Adão
Sou árvore sem chão
Fruto proibido
Colhido na árvore da ilusão
Pássaro livre que voa sem parar
Acorrentado à tristeza por não te encontrar
Sou mar sem areia
Caravela à deriva
Corpo sem alma que vagueia
Na praia esquecida
Porque te quero?
Se, tenho medo de te perder!
Não sei!
Só sei que, tenho em mim
Esta teimosia
De tanto te querer…


(Lúcia Machado)
... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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