“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

30/09/2010

Moves-te...




Moves-te por entre as sombras
Assim, como um lobo camuflado se move
Por entre as densas planícies
Trazes no olhar o brilho que te absorve a fome
No dorso carregas a liberdade selvagem
Se estivesses comigo agora
Serias o pirilampo que ilumina a noite
E nas asas, trarias as gotas do orvalhar nocturno
Não mais quererias descansar, nessa toca ébria e com cheiro a mofo
Virias com o teu corpo magro, alimentar-te na minha mão
E darias lugar, a um sem fim de uivos saciados
Moves-te por entre as sombras
Porque és um animal “sagrado”
Idolatras a tua própria liberdade
E do selvagem, te tornas dócil e afável
...no cruzar dos nossos olhares.




(Lúcia Machado)

City of Angels


Deixo aqui uma música que adoro e que me diz muito!
Um dos melhores filmes de sempre, um lição de como o amor devia ser vivido... de como deviamos ajudar os outros (ok, é ficção! eu sei!) mas, não deixa de ser uma excelente interpretação de Nicolas Cage (que por acaso é um dos meus actores de eleição :-P) e da, não menos execelente a actriz Meg Ryan.
Aconselho aos românticos, a ver o filme  (eu vi, já há uns aninhos atrás, e até nem me considero lá muito romântica, ehehe!) e aos NÃO românticos, que depois de o vererm passam a ser :-)


22/09/2010

Blog em estado de Pausa

Bem-vindo Outono!


   
São folhas de mil cores, cheiros de imensos sabores.
As árvores despem-se ao passar da brisa que dá lugar ao vento.
Chega a chuva devagarinho, escorre pelo corpo imponente e fustigado pelo Sol.
Do topo até à raiz, há o inicio de um bailado de cores, que dão lugar ao desnudar da estação.
Chega o Outono, sinónimo de castanhas assadas, compotas de geleia de marmelo e marmelada.
É cheiro de terra molhada, e do choro céu, piamente enamorado pelo frenesim dos novos odores.

(Lúcia Machado)

Nota: Fotografia retirada da internet

Na rua de cima...

Na rua de cima, vejo vultos descalços que pisam pregos que nascem da terra. Por mais que a dor lhes roube o corpo, eles não desistem dessa caminhada ao longo da estrada, que faz o suplício das trépidas e indesejadas peregrinações. Vejo crianças ao longo dos caminhos empoeirados, rostos desgastados pela chuva e vento que, não dão tréguas ao corpo cansado. Têm nas mãos o sal que se transforma ao cair do rosto, esse, desfigurado pelo ar gélido da noite que chega de foice na mão. Não trazem as vozes que lhe doem, apenas os silêncios que corrompem a Alma em desassossego. De mãos dadas aos progenitores, também eles cambaleiam pelas estradas, emaranhadas de olhos da noite. Atingem o limite do sentido. E de corpo perdido na dor que os puxa até à exaustão, caem no chão. Desfalecem os sentidos. Como se de sentidos não estivessem imunes. Os olhos são os últimos a fechar, o coração quer parar de bater. Nada consegue parar aqueles que continuam a percorrer o caminho. A estrada que os leva a lado nenhum. Suicídios premeditados das folhas, envoltas no ar que as carregam com carinho…essas, são o alimento que as fazem erguerem. Outrora de mão esquerda fechada, carregavam o coração, e na direita sem fazer alarido, carregavam o peito ferido exposto às balas. Um corpo oferecido, em sacrifício pelos males deste Mundo.


(Lúcia Machado)

Pensamentos Soltos XXVII

Uma cidade adormecida
Uma voz de poeta, esquecida sob a lápide onde se lê:
“Aqui jaz em descanso o cansaço do Trovador”
Nem só de dor é feita a poesia.
Também se canta o Amor,
O Amor de quem vela a noite.
Daquele que repousa sobre o manto escuro
E faz das palavras o ópio que acalma a Alma
Poeta é o pintor, que faz das palavras a tinta com que se desenham os “ai (s)!”
E também os sorrisos rasgados…
Poeta é dor, amor, paixão, turbilhão de ideias com senso e contra-senso,
Poeta é Trovador, velejador e até condor.
A alma do Poeta, não tem cor ou sabor.
Por vezes tem um brilho ofuscante, outras, tem a fase negra de “todos os males do mundo”.
“Poeta á mais alto do que o homem”
Mas, também cai como um pássaro ferido na asa.



(Lúcia Machado)

10/09/2010

O que me resta... Pensamentos Soltos XXVI

Agarro-me ao que resta, e sobre a palma da mão não adianta traçar o meu destino…
Sou o vento que quebra e levanta o corpo cansado
Arrasto-me, por entre as primeiras folhas Outonais de cara empoeirada
…E se trago no coração, o pulsar do rebentamento das ondas em sinuosa maré-alta
Declino todas as respostas que me vão chegando através do farol que me guia
Faço das perguntas, o movimento do corpo rotativo em volta do trapézio
Não quero respostas!
Não quero a rede que me ampara a queda!
Prefiro acordar com o estrondo do corpo inanimado sobre o chão
Sentir o escorrer do sangue efervescente sobre os pulsos cortados
Beber, o sem fim do tormento que se apaga sob o desfalecer do corpo “negro”
Não quero piedade ou sermões!
Nem choros ou gritos sobre o fim que me restou!
Quero silêncios e lágrimas secas!
Quero serenidade e sorrisos ao despir a Alma do corpo.



[…nada deste texto tem a ver com o meu estado de espírito actual…apenas me identifico com os textos “negros”… e saiu-me isto… continuo à procura daquele texto/poema… a inspiração abandonou-me creio eu!
lol
Esta coisa do blog, hoje, anda-me a enervar!!!
lol
... mas a vontade de escrever continua! Não sei se por bem ou mal! ... mas cá vou registando… uns têm vícios maléficos, eu, as insanidades ortográficas! ehheheh! :-P]

(Lúcia Machado)

07/09/2010

Pensamentos Soltos XXVI

Aqui e hoje, o céu chora a pré-despedida do Verão
As lágrimas caem em forma de gotículas endiabradas
Trazem o “zum zum” das folhas que vivem agarradas aos ramos
e que não querem dar lugar à cor
…a terra molhada, tem cheiro a vidas que passam
E recebe no leito, a queda serena do licor que transborda dos céus
Hoje a soleira da porta está molhada…
Um pássaro voa de asa carregada
Os campos, têm cheiro do secreto sabor da saudade
Recolhem-se os objectos do ócio da estação
As ruas ficam desertas…
Dão lugar ao enorme silêncio do tempo que vai passando
Ao longe, ouve-se a chegada do fim do Verão


(Lúcia Machado)

Nota: Imagem retirada da internet

02/09/2010

Pensamentos Soltos XXV

Sou transparente ao olhar
Sei que passo e nada vêem através de mim
Devia passar ao lado e esquecer o ar que me gela
Deixar de pensar naquilo que finjo ser
Pegar nas asas e voar pelo labirinto que me cerca
Se estendes a mão, e tentas me tocar…
Não me vês, e eu finjo que não existo
Sigo sem caminho definido
É através do que sigo
Que vejo o olhar vazio do que ficou
Apenas perto de ti, sou o que julgo não ser
E se sou o que penso ter…
É através do que sigo
Táctil… apenas na forma do ar que respiro
No mar que se deleita na areia
E a transparência que transpiro…
Desaparece nas asas de uma gaivota



(Lúcia Machado)
... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, cedência, difusão, distribuição, armazenagem ou modificação, total ou parcial, por qualquer forma ou meio electrónico, mecânico ou fotográfico destes textos sem o consentimento prévio e expresso do autor. Exceptuam-se a esta interdição os usos livres autorizados pela legislação aplicável, nomeadamente, o direito de citação, desde que claramente identificada a autoria e a origem.