“Todas as palavras são a loucura dos Poetas, não fossem elas o próprio sangue que corre nas veias”


(Lúcia Machado)

03/12/2010


Por vezes... 
...Bastam umas mãos seguras, para que nos sintamos mais fortes e protegidos...

22/11/2010

Von (Esperança)


Creio-te no teu olhar, nas tuas mãos feitas seda…
Creio-te na melodia dos pássaros, no mar que se confunde com o azul do céu
Creio-te na voz que se cala, e no silêncio que se revela.
Creio-te na ténue linha da memória e no amor sem pressa ou demora…
Creio-te na nossa história.
Creio-te hoje e para sempre.
Nos dias bons e nos menos bons.
Creio-te no espaço que existe entre a noite e o dia
Creio-te entre o choro do mocho e pio da cotovia
Creio-te nas águas passadas e nas futuras também
No Sol que me aquece e na noite que arrefece
Creio na música que deleita os nossos ouvidos
E na penumbra do ruído que nos enlouquece
Creio numa força maior
Naquela que te trouxe até mim
Creio no poder do querer e na sábia força do saber
Creio em tudo o que te rodeia
Creio no amor por ti… e na força da nossa teia


(Lúcia Machado)



Tu és o vento que me sacode
O ar que me eleva até ao limite do horizonte
És a estrutura que me mantém segura...
E mesmo quando ela balança,
És mão, corpo, rede que me equilibra e apoia
És a excepção. A única e verdadeira
Tu és mar que me afoga
E onda que me resgata do fundo do mar
És alimento, licor, que me alimenta e sacia
És a chave que abre o meu mundo de condão
És o meu sonho e ilusão
Sou a tua ave selvagem
…e tu o dono, e cadeado do meu coração

(Lúcia Machado)


28/10/2010

Renascer das cinzas




E o corpo outrora feito cinzas
Eis que renasce lentamente
De novo as tuas mãos, o cheiro, o calor do teu abraço
De volta os teus olhos doces, as juras do teu amor eterno
O corpo que outrora se tornou pó
Toma a forma humana de um novo ser…
Um ser que foi desfeito e lançado ao abismo
Lentamente, recolhes as cinzas, reconstróis o que restou
De novo as raízes que se aprofundam
O coração começa e bater em modo crescente
Os olhos cegam ao ver a luz
Mas, estás aqui para me guiar…
Até que me volte a habituar ao teu brilho
…Ao teu amor…
De volta todos os sonhos…
…Tu…
E as asas que me dás


(Lúcia Machado)




20/10/2010

"Eu não existo sem você"


De novo a esperança... O Amor mais forte.
Começo de uma nova vida... de um novo acreditar...



Eu não existo sem você


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você


Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

 
(Vinícius de Moraes)

11/10/2010

R.I.P.


Hoje, reza-se a minha morte.
O velório durou três dias.
Muitos foram os que por lá passaram
Mas, faltou uma pessoa…
Tu!
Faltaste tu, tu não foste lá para me chorar!
Talvez porque nem de lágrimas tu és feito!
Enquanto me choravam, eu aguardava ansiosamente o teu rosto
O único que me interessava…
Não me vieste chorar, nem dar o último beijo ou abraço.
E eu, senti…senti a tua falta… então o que restou, foi escrever esta carta…
Quero-te dizer…
Hoje reza-se a minha morte.
E tu… faltaste ao enterro do meu coração

(Lúcia Machado)

30/09/2010

Moves-te...




Moves-te por entre as sombras
Assim, como um lobo camuflado se move
Por entre as densas planícies
Trazes no olhar o brilho que te absorve a fome
No dorso carregas a liberdade selvagem
Se estivesses comigo agora
Serias o pirilampo que ilumina a noite
E nas asas, trarias as gotas do orvalhar nocturno
Não mais quererias descansar, nessa toca ébria e com cheiro a mofo
Virias com o teu corpo magro, alimentar-te na minha mão
E darias lugar, a um sem fim de uivos saciados
Moves-te por entre as sombras
Porque és um animal “sagrado”
Idolatras a tua própria liberdade
E do selvagem, te tornas dócil e afável
...no cruzar dos nossos olhares.




(Lúcia Machado)

City of Angels


Deixo aqui uma música que adoro e que me diz muito!
Um dos melhores filmes de sempre, um lição de como o amor devia ser vivido... de como deviamos ajudar os outros (ok, é ficção! eu sei!) mas, não deixa de ser uma excelente interpretação de Nicolas Cage (que por acaso é um dos meus actores de eleição :-P) e da, não menos execelente a actriz Meg Ryan.
Aconselho aos românticos, a ver o filme  (eu vi, já há uns aninhos atrás, e até nem me considero lá muito romântica, ehehe!) e aos NÃO românticos, que depois de o vererm passam a ser :-)


22/09/2010

Blog em estado de Pausa

Bem-vindo Outono!


   
São folhas de mil cores, cheiros de imensos sabores.
As árvores despem-se ao passar da brisa que dá lugar ao vento.
Chega a chuva devagarinho, escorre pelo corpo imponente e fustigado pelo Sol.
Do topo até à raiz, há o inicio de um bailado de cores, que dão lugar ao desnudar da estação.
Chega o Outono, sinónimo de castanhas assadas, compotas de geleia de marmelo e marmelada.
É cheiro de terra molhada, e do choro céu, piamente enamorado pelo frenesim dos novos odores.

(Lúcia Machado)

Nota: Fotografia retirada da internet

Na rua de cima...

Na rua de cima, vejo vultos descalços que pisam pregos que nascem da terra. Por mais que a dor lhes roube o corpo, eles não desistem dessa caminhada ao longo da estrada, que faz o suplício das trépidas e indesejadas peregrinações. Vejo crianças ao longo dos caminhos empoeirados, rostos desgastados pela chuva e vento que, não dão tréguas ao corpo cansado. Têm nas mãos o sal que se transforma ao cair do rosto, esse, desfigurado pelo ar gélido da noite que chega de foice na mão. Não trazem as vozes que lhe doem, apenas os silêncios que corrompem a Alma em desassossego. De mãos dadas aos progenitores, também eles cambaleiam pelas estradas, emaranhadas de olhos da noite. Atingem o limite do sentido. E de corpo perdido na dor que os puxa até à exaustão, caem no chão. Desfalecem os sentidos. Como se de sentidos não estivessem imunes. Os olhos são os últimos a fechar, o coração quer parar de bater. Nada consegue parar aqueles que continuam a percorrer o caminho. A estrada que os leva a lado nenhum. Suicídios premeditados das folhas, envoltas no ar que as carregam com carinho…essas, são o alimento que as fazem erguerem. Outrora de mão esquerda fechada, carregavam o coração, e na direita sem fazer alarido, carregavam o peito ferido exposto às balas. Um corpo oferecido, em sacrifício pelos males deste Mundo.


(Lúcia Machado)

Pensamentos Soltos XXVII

Uma cidade adormecida
Uma voz de poeta, esquecida sob a lápide onde se lê:
“Aqui jaz em descanso o cansaço do Trovador”
Nem só de dor é feita a poesia.
Também se canta o Amor,
O Amor de quem vela a noite.
Daquele que repousa sobre o manto escuro
E faz das palavras o ópio que acalma a Alma
Poeta é o pintor, que faz das palavras a tinta com que se desenham os “ai (s)!”
E também os sorrisos rasgados…
Poeta é dor, amor, paixão, turbilhão de ideias com senso e contra-senso,
Poeta é Trovador, velejador e até condor.
A alma do Poeta, não tem cor ou sabor.
Por vezes tem um brilho ofuscante, outras, tem a fase negra de “todos os males do mundo”.
“Poeta á mais alto do que o homem”
Mas, também cai como um pássaro ferido na asa.



(Lúcia Machado)

10/09/2010

O que me resta... Pensamentos Soltos XXVI

Agarro-me ao que resta, e sobre a palma da mão não adianta traçar o meu destino…
Sou o vento que quebra e levanta o corpo cansado
Arrasto-me, por entre as primeiras folhas Outonais de cara empoeirada
…E se trago no coração, o pulsar do rebentamento das ondas em sinuosa maré-alta
Declino todas as respostas que me vão chegando através do farol que me guia
Faço das perguntas, o movimento do corpo rotativo em volta do trapézio
Não quero respostas!
Não quero a rede que me ampara a queda!
Prefiro acordar com o estrondo do corpo inanimado sobre o chão
Sentir o escorrer do sangue efervescente sobre os pulsos cortados
Beber, o sem fim do tormento que se apaga sob o desfalecer do corpo “negro”
Não quero piedade ou sermões!
Nem choros ou gritos sobre o fim que me restou!
Quero silêncios e lágrimas secas!
Quero serenidade e sorrisos ao despir a Alma do corpo.



[…nada deste texto tem a ver com o meu estado de espírito actual…apenas me identifico com os textos “negros”… e saiu-me isto… continuo à procura daquele texto/poema… a inspiração abandonou-me creio eu!
lol
Esta coisa do blog, hoje, anda-me a enervar!!!
lol
... mas a vontade de escrever continua! Não sei se por bem ou mal! ... mas cá vou registando… uns têm vícios maléficos, eu, as insanidades ortográficas! ehheheh! :-P]

(Lúcia Machado)

07/09/2010

Pensamentos Soltos XXVI

Aqui e hoje, o céu chora a pré-despedida do Verão
As lágrimas caem em forma de gotículas endiabradas
Trazem o “zum zum” das folhas que vivem agarradas aos ramos
e que não querem dar lugar à cor
…a terra molhada, tem cheiro a vidas que passam
E recebe no leito, a queda serena do licor que transborda dos céus
Hoje a soleira da porta está molhada…
Um pássaro voa de asa carregada
Os campos, têm cheiro do secreto sabor da saudade
Recolhem-se os objectos do ócio da estação
As ruas ficam desertas…
Dão lugar ao enorme silêncio do tempo que vai passando
Ao longe, ouve-se a chegada do fim do Verão


(Lúcia Machado)

Nota: Imagem retirada da internet

02/09/2010

Pensamentos Soltos XXV

Sou transparente ao olhar
Sei que passo e nada vêem através de mim
Devia passar ao lado e esquecer o ar que me gela
Deixar de pensar naquilo que finjo ser
Pegar nas asas e voar pelo labirinto que me cerca
Se estendes a mão, e tentas me tocar…
Não me vês, e eu finjo que não existo
Sigo sem caminho definido
É através do que sigo
Que vejo o olhar vazio do que ficou
Apenas perto de ti, sou o que julgo não ser
E se sou o que penso ter…
É através do que sigo
Táctil… apenas na forma do ar que respiro
No mar que se deleita na areia
E a transparência que transpiro…
Desaparece nas asas de uma gaivota



(Lúcia Machado)

13/08/2010

Pensamento Soltos XXIV

Hoje sou, uma pequenina e fugaz partícula do tempo
E como gosto de ser levada pelo vento
Viajo até na cauda de uma gaivota
Ela leva-me, por cima desse imenso mar da cor do céu
E no contrabalanço do Sol agarro-me às estrelas
E de que preciso mais, para ver a noite pelos teus olhos?
Basta-me ser a partícula que se aloja no teu olhar
Trazer no bolso umas asas suplentes e voar.
Hoje sou partícula do tempo,
…amanhã borboleta com asas finas de cetim
Voarei por entre nuvens rosadas ou mesmo por cima das águas geladas
Serei livre na forma de planar por entre a ténue linha do pensamento
Serei flamingo, águia, garça-real, ou corvo até!
Mas beberei a liberdade do vento


(Lúcia Machado)



04/08/2010

Pensamentos Loucos!!!

Vazio vai o pensamento
Tudo pesa, e nada flutua
Um enorme cansaço apodera-se do corpo
Vai morto de tédio
E apenas anseia o deleite da cama macia
Pesa o ar que respira
Flutua o corpo que pende no limiar da sanidade
Uma borboleta,
Duas cotovias,
Três cigarras
…cigarros?
…catarros?
…carros?
Está louco!
Já não sabe!
Tal é o peso dos olhos a querer fechar.
Venha a carroça!
Levem o dito morto daqui.
Deixem-no perto de um riacho
Lá longe onde correm as águas cristalinas
Deixem-no morrer ao som dos pássaros de asas azuis
Cubram-no com o manto das estrelas.




(Lúcia Machado)

Pensamentos Soltos XXIII

dois olhos uma boca, um coração uma espada. Uma lágrima que corre peito abaixo, lavando o pó do corpo cansado. no lugar dos braços, apenas cansaços, e um olhar que deixa lugar à solidão do pensamento. das pernas nascem andarilhos que retrocedem o andar. Um corpo dá à costa embrulhado na espuma do mar. os cabelos são algas, e dentro deles habitam todos os segredos do mundo. no fundo do olhar, crescem rios de sólida lembrança, uma criança sete gatos e um pombo correio. leva notícias deste céu imenso que pernoita na sua voz. veloz sai ao encontro do mendigo que dorme naquela estrada. e da estrada faz a cama onde se deita e deita-se sobre a folhagem esmagada. Esmagada sai a esperança de um sorriso de uma criança. criança que foi e não volta. na volta nunca nasceu verdadeiramente?! será gente?

(Lúcia Machado)


20/07/2010

Pensamento Soltos XXII

“Como negar o quanto me dóis?!
Dói (s) -me no lado esquerdo do peito
Assim, como quem arranca a ferro e fogo as órbitas do rosto…”

Há muito tempo, lá na rua onde vivi, existia uma casa velhinha, paredes caiadas a branco gelo.
Nela vivia um amolador de tesouras, que se levantava pela alvorada.
Ele, costumava pegar no seu casaco de serapilheira grossa, no seu cão cegueta de um olho, e descia de bicicleta a rua ladrilhada a lágrimas geladas, e ainda de harmónica na boca tocava.
A música era triste e assobiava ao lado direito do coração, gemia baixinho as saudades de criança. Contava as subidas às árvores, e o correr descalço pela calçada em brasa. Falava ainda das fisgas, das amoras com açúcar e da cara lambuzada. Rezava a história de um menino de cabelo cor de cenoura, sardas e um dente fanado. Do sorriso amado pelos pais de uma criança. E como descia gargalhando aquela encosta, rebolando dentro de um bidão azul, da cor do céu. Fala dos carrinhos de rolamentos feitos de madeira e rodas “roubadas” , dos papagaios de papel que vivem com o vento. Das tocas dos grilos coçados pelas palhas das ervas douradas. Do cheiro da terra molhada e ainda da lágrima salgada do fim do Verão.
Lá na minha rua, vivia um amolador de facas, que dizia ao coração:
“Dói (s) - me no lado esquerdo do peito”
Saía todos os dias pela alvorada, fazia-se à estrada, em busca da meninice roubada.


(Lúcia Machado)



14/07/2010

Pensamentos Soltos XXI

Falas-me desse tempo
Das viagens suicidas ao encontro das palavras
Do ressoar da tinta marinada e na fusão do papel a quente
Contas uma, duas, três vezes, as saudades da alvorada
…falas da estrada que pisaste, das sandálias gastas e ainda
Do cabelo solto ao vento
E ainda assim deixas tantas coisas por dizer.
A tinta que escorre é o sangue que te corre nas veias
…o papel é a pele que cobre o teu peito
e o coração, é o catalisador para a eclosão dos fantasmas que te velam
Um dia, amarraste a perdição com as fiadas do teu cabelo
E ficaste com o abraço de outros braços
Um dia, saíste em busca da luz que outrora te seguia


(Lúcia Machado)

28/06/2010

Pensamento Soltos XX

...E um corpo jaz esquecido, numa outra página, num outro livro qualquer. já não é o mesmo corpo atrofiado, nem o mesmo coração dilacerado por uma boca vampiresca, sedenta da dor da Alma. não faz mais sentido revirar as entranhas. ou mesmo gritar as palavras silenciosas do cérebro em tumultuosa eclosão. o mesmo peito latejante que outrora rasgava a carne que o cobria, tem por agora as ténues manhãs com cheiro a maresia. essas mãos que foram garras envoltas nos ossos escanzelados. deram vida às sinuosas razões de quem não quer ouvir. as pernas amputadas que serviam de muletas ao corpo cansado, escondem agora todos os vícios do coração malfadado. todo o ser errante quer encontrar a caverna ou mesmo o ninho onde vai repousar em paz. e mesmo com as tempestades a cair sobre a cabeça. ergue as mãos e faz dos raios o alimento que irá saciar a terra. nessa terra onde serás húmus. onde novas vidas eclodirão... de que te vale chorar, se as tuas lágrimas não são mais do que gotículas camufladas sobre a chuva que cai. mata a sede e renasce de novo. as flores voltarão a florir. um novo corpo, uma cabeça, pernas, tronco e membros. Um novo coração.




(Lúcia Machado)

...coração negro?! Não! o coração é da cor da Alma...da cor da felicidade ;-)

24/06/2010

Pensamentos Soltos XIX

Continua-se a busca, pelo que está além do que nos transcende
O corpo é apenas uma prisão para Alma
Ela que se sente amarrada a esta vida cheia de expectativas materialistas
Porque é que a vida não pode ser simplesmente vivida?
Ter este compromisso de “arrecadar” mais do que a simples natureza oferece
…porque não se nasce com o objectivo único de…VIVER!
Apenas viver sem o cansaço de querer mais e mais!
Sente-se cansada…
Cansada da vida cheia de interesses por interesse…
Onde as novas amizades, não passam disso mesmo…
São utopias de laços criados
Todos com o mesmo intuito… o bem-estar de si mesmo
É tudo um teatro, peças encenadas por umas quaisquer marionetas
Um circo desgastado pelas falsas modéstias
E até cantarolado ao som do “politicamente correcto”
Falsas!
São também as ditas cumplicidades momentâneas
Onde cada um é por si!
Os tempos não são mais os mesmos...
Apenas se salvam as amizades desprovidas de interesse próprio
Agora, aquelas que rejubilam com o mau estar alheio...
Haja pachorra!
Não há mais cumplicidade, o crescer das amizades sólidas
Aquelas em que os amigos “dão a camisa, a camisola a casa até”
…apenas existem as ditas momentâneas,
Com o interesse do cultivo do próprio narcisismo
Ah!!
Não tivessem todos, uma estátua no meio da praça pública!
Haveria egos mais rejubilantes?


(Lúcia Machado)

08/06/2010

Pensamentos Perdidos entre o XVIII e o XIX :-P :-D

fui Condor, talvez falcão
Já voei por entre os teus olhos
Bati asas em direcção ao teu coração
Escalei as montanhas dos teus sonhos

E neles me perdi
Um dia chamei por ti
E tu tanto procuraste…
…que me encontraste

Perdi-me no teu abraço
E encontrei o meu espaço
E eu, sou mais do que o vento
Em ti me reinvento

Somos beijo delicado
Com tempo marcado
Nas horas que deslizam
Somos amor salgado

(Lúcia Machado)

Pensamentos Soltos XVIII

És um ser estranho, porque só as pedras roçam o teu coração.
Trazes nas mãos essas pedras de corrosão lenta… e os ácidos que se expelem pelo teu olhar, são os mesmos líquidos que roem a tua garganta sequiosa e empoeirada à passagem dos dias.
A tua carne, não é mais do que a veste da tua alma!
E fazes da tua aparente calma, o trovão das silenciosas palavras que são a inspiração.
Cambaleias por essas estradas sedentas do teu sangue…e o teu sangue é o licor da vida que elas não têm.
As paredes escuras alimentam-se da tua (in) sensibilidade, e ainda do teu curto espaço de tempo… em que caminhas junto delas…
E fica…
A tua Alma vestida de negro
No degredo das palavras em desassossego


(Lúcia Machado)

Nota: A pensar em todos os que se enamoraram pela "escuridão", para aqueles que optaram por fugir à felicidade e que se refugiam apenas nas palavras... não que seja um "defeito"! Apenas existe espaço para os dois... para o Amor e para as ditas...e aí, as palavras são muito mais doces... ;-) também já me anamorei assim :-P agora, graças ao meu Amor tenho espaço para as duas coisas...encontrei a felicidade :-)

14/05/2010

Pensamentos Soltos XVII

A gaveta de baixo
Tem cotão e um humildezinho pó irritante
Tem solas de sapatos gastos
E ainda algumas capas invejosas, cheias de cheiros nauseabundos
Acrescento também. Tem o salivar de um cão raivoso,
O gesto inapropriado do vento que semeia o ódio fecundo
Todo o corpo treme, com a tempestade que carregam os olhos
Essa gaveta de baixo…
É o revés da bofetada dada, com as costas da mão
O golpe proferido que me mata o silêncio da ausência
Aí, ainda se encontra
O fogo forjado da espada desembainhada
Onde corre o sangue efervescente pelas artérias e veias
…é o princípio da força e da existência.
Na gaveta de baixo, sou soldado em sentinela
À espera que a lanugem de certos frutos se juntem debaixo de certos móveis,
E ainda nos bolsos dos casacos.
Também para que sinta o odor e o sabor da fruta amadurecida.
Essa gaveta de baixo guarda…
Um quadrúpede carnívoro que toma o gosto da carne


(Lúcia Machado)

12/05/2010

Pensamentos Soltos XVI

Um dia saltei para dentro de umas botas…
Elas era tão grandes, que quase me afoguei na sua profundidade!
Um dia escalei as montanhas do teu olhar e vislumbrei o nascer da vida!
Encontrei-te num labirinto, assim um bocado amorfo…
Disseste-me que os rios ainda corriam em direcção ao mar, e que as andorinhas ainda regressavam a cada Primavera.
E eu, não quis crer!
Disseste-me ainda, que o mesmo Sol ainda se levantava todos os dias, e que a noite chegava sem pressa, dando lugar ao astro cansado.
…Que as estrelas, ainda faziam companhia à Lua que se encontrava sempre abandonada, e que o manto escuro da ausência do dia, era a capa que cobria o seu corpo gelado.
Contaste-me também, que todos os animais e árvores ainda eram o equilíbrio da Terra, que os bisontes ainda corriam livres pelas florestas desvirginadas, e que não eram mais uilizados nas arenas, para o combate mortal entre eles e os gladiadores.
Um dia, caí dentro daquelas botas…
…encontrei-te entre encruzilhar do meu pensamento.
Disseste-me…
Que a vida ainda é bela, e que todos os dias são sinónimo do renascer.
Falaste-me ainda, daqueles dias com cheiro a bolachas de limão, do café com broa…
E ainda do cheiro dos cabelos da minha mãe e do seu rosto doce e sempre macio…
…e ainda do seu abraço que me fazia sonhar…
Um dia, lembraste-me que o meu mundo, são as lembranças e também o futuro ao teu lado.
Voltei a sonhar…

(Lúcia Machado)

05/05/2010

Sem Ti...sou... (Poema música)



Quero agradecer este belo "presente" do Bruno, que gostou de um dos meus poemas, escrito numa outra fase da minha vida.

Fiquei muito lisonjeada, por alguém achar que o que escrevo é digno de música :-)

Obrigada Bruno, foi um prazer contribuir com o meu poema :-)


Sem ti…sou…


Sinto a tua falta…
Sem ti…
sou praia sem mar
Barco à deriva em maré-alta
Asas que não conseguem voar
Dias sem Sol
Que me fazem falta
Noites sem Luar
Rio que corre sem parar
Poeta sem inspiração
Alma que teima em divagar
Natureza sem fauna nem flora
Esta ausência que me devora
Regata ao sabor do vento
Outro pensamento…
Guarida ou covil feito tormento
Esmorecer sem entender
Régia sem Rei
Imperatriz sem trono
Odisseia sem dono
Politeama sem ti
…eu, não faço parte de mim

(Lúcia Machado)
18/09/2007

04/05/2010

Pensamentos Soltos XV

Tenho um desejo.
Não sei se o conte, ou se simplesmente o guarde.
Tenho um desejo.
Talvez, o deva soltar deste baú feito de memórias
Nele guardo muitas histórias
Algumas me levaram a caminhos penosos
Outros a encruzilhadas, e ainda a horas paradas
Tenho um desejo cor de prata.
É feito a fios de cetim bordado
Decorado, com as pérolas do mar azul da minha ilusão
Tenho um sonho guardado no jardim
Cheira a jasmim e é visto com os olhos da razão
Tenho um sonho… feito de sonhos
Neles deposito agora, as histórias feitas memórias
Tenho um sonho…
Vou até ao céu no meu baloiço feito de cordel
Sou papagaio construído às mãos de uma criança.
Sou pião, cubo mágico, e ainda yô-yô que vai e volta.
Tenho um sonho…
Deixar de ser boneca de trapos e passar a menina de carne e osso

(Lúcia Machado)

21/04/2010

Pensamentos Soltíssimos!!! XIV

Fecho os olhos, puxo os cabelos até à raiz!
A mente escapa por entre as órbitas oculares… e assim divaga o pensamento, pelo rasteiro odor fétido e cambaleante, entediante e sei lá mais o quê!

Aiiii!

As “asas” estão presas ao chão! Com dois ferrolhos cravados na pedra húmida deste castelo bolorento que aprisiona a Alma!
Apetece-me praguejar!
Só porque me apetece!!!

…dasse! …”$*#$»
:-P

Vidinha (in)constante! Entediada! Fulminada por um qualquer tempo que teima em contar sempre o mesmo!

Arghhh!

Detesto esta onda de “formiga trabalhadora”! (Que trabalha no Verão para amealhar para o Inverno!)
Porque não ser cigarra e levar a vida a cantar?!
Pelo menos consola-se enquanto leva e goza a dita!

…que se #$&%$## esta vida!

Pode morrer de fome no Inverno, mas viveu consolada no verão! :-D
…Farta de ser certinha! Também é preciso dar um chuto na bola de vez em quando!
Nem que seja para sentir a dor de estar viva!!

O dever chama outra vez! :-P
Vou ali e já volto!!!

E tu aí! Nada de risadinhas!

:-D

(Lúcia Machado)

25/03/2010

Pensamentos Soltos XIII

…sei do que falas, também as silvas dão flores, e mesmo o canto dos pássaros, nem sempre soam com a mesma melodia. Por vezes também o dia cai, e mesmo o negro céu, se torna claro como dia. O contrário, também pode ser o avesso do que realmente se quer. Até os lobos por vezes vestem a pele de cordeiros, ou os cordeiros se tornam em leões enfurecidos. E quem sabe, se a selva não pode ser também um lugar de culto para os dissidentes? Ainda o Mar se pode tornar em fogo, ou mesmo a areia se pode transformar nas estrelas que cobrem o mesmo céu. E se assim fosse, não mais existiriam as palavras dos transeuntes…nem as sombras, que arrefecem o mesmo chão por onde se deleita a brisa em brasa. Quem sabe se o fim de tudo, não seja apenas o inicio de um novo acordar. Também tu, serás terra, fogo e ar. Também a tua pele, dará lugar ao manto que um dia cobrirá a terra por onde pisas. E os teus olhos serão o espelho de um deus menor, e a tua voz, será a voz das searas que darão alimento a uma e outra Alma esfomeada e desgovernada por uma qualquer branca folha de papel. E os rios? Esses talvez comecem a correr no sentido inverso, e o verso da relva, talvez seja livre e cresça em sentido controverso. Assim a palavras talvez comecem a ter um sentido de pé quebrado, ou não… mais sentido do que o sentido que aqui está descrito. Porque também o que as mãos escrevem sem sentido, serão o sentido para quem as lê ou entende.
"Obscuro. Enleio. Pejo." Deve ser isso...

(Lúcia Machado)

19/03/2010

Pensamentos Soltos XII

Também tu habitas, nesse outro lado da Lua. Fazes das penas o cobertor com que te deitas. E das extensas folhas em branco, riscas à memória o outro ser, uma outra história. No dobrar da esquina dessa Lua quadrada, vês a tua sombra que agora segue sozinha. Não há corpo nem voz que te levem por outro caminho. Vais sempre pela mesma estrada, dobras sempre a mesma esquina medonha. Não há braços, nem pernas, olhos ou boca, apenas uma silhueta, um corpo que reflecte na superfície, uma bandeira de um corpo magro. Também tu, tens a visão que te persegue por entre as ondas do voo nocturno, comem-te os olhos que não existem, e das labaredas dessa fome que te consome, salta o vislumbre de quem perdeu o antigo brilho. O segredo é uma leve vela de chama esbranquiçada, frágil que entristece o espírito. Vives na penumbra das aves de rapina, agora elas, também são as tuas companheiras, ansiosas pela carne mortiça. E no negrume que te cerca, revelam-se os mistérios da claridade atenuada, pelo ser que te habita. Não mais há outra história, apenas a história de um corpo cambaleante, que descansa por fim, nas duras penas da caneta da ilusão.

(Lúcia Machado)

12/03/2010

Pensamentos soltos XI

Subi por entre as folhas que relatam a ténue memória. Sentei-me perto dum riacho e apenas bebi... os sons dos pássaros em acordes e palavras rasgadas. Deitei-me sobre o silêncio escondido, vislumbrei o verde sentir. Fechei os olhos e chegaram os dias mornos de Março. Rebolei no pensamento, dei por mim, a cantarolar ao compasso do passo do vento. De leve toquei no céu azul, tomei o gosto das nuvens feitas algodão. Costurei então, um vestido feito da copa das árvores, dancei ao som da orquestra do coração. Deslizei água abaixo, corri ao encontro dos peixes cor prata, provei o néctar servido pelas ninfas do Tejo. De volta ao prado, as folhas brancas da memória, deram lugar a uma história, que começava assim:

“Era uma vez, uma Garça Real…”



(Lúcia Machado)

22/02/2010

Pensamentos soltos X

E o caos deu lugar ao silêncio,
Um silêncio ensurdecedor,
Penetrante até ao limite da Alma…
Lamentos e vozes que soluçam a dores para além da carne
Não são mais, as simples lágrimas salgadas que escorrem pelas faces empoeiradas
É o sangue esventrado pelo horror que dilacera os corpos cansados
Não mais existem os cantos dos pássaros, nem mesmo o cheiro de brisa que anuncia a Primavera!
Apenas um rasto de destruição e o choro das árvores caídas à sua passagem
Correm rios de lama, que levam até ao mar as lágrimas incessantes das mães, maridos, pais e avós…
Até vizinhos…
E um dia após o outro, levantarão dos escombros a coragem de uma gente guerreira
E de novo as flores voltarão a desabrochar, e os rios voltarão ao seu lugar.


(Lúcia Machado)

17/02/2010

Pensamentos soltos IX

Não sei se todos os ventos a acolhem
Ou se todos os mares a embalam
Sei que aguarda a sua chegada
A cada brisa, eclode a sua ausência
É a ausência de si, que a comprime
Desde a alma até à profunda escuridão
Anseia ver essa janela através da noite
Essa, que a leva para além da utópica miragem
…continua aqui…
No ténue fio dos sentidos
Sentada no chão, tendo por companhia
Todas as estrelas e todos os sonhos
À sua volta tudo parece ser tão claro
Mesmo que a noite a cegue
Apenas o embalo a faz adormecer
Cura-a deste sono pesado que carrega
Onde as pálpebras teimam em fechar
E o desassossego teima em não deixar

(Lúcia Machado)

28/01/2010

Pensamentos soltos VIII

Queimam-se-me os olhos, cuja neblina não consigo dispersar
Perdida por entre as marés cheias ou vazas
Encontro os desejos da alma que paira sobre o imenso azul
E numa outra voz, num outro sentir
Toco a face das estrelas
Mesmo com os pés presos pelas garras deste chão
Fechada a sete chaves, encontra-se a minha razão
…a lucidez afoga-se neste corpo ferido
E mente quer ser livre
Mas a escuridão que me atravessa
Desfoca-me da razão
E todos os passos que anseio dar
São devaneios da mente
Nada me afasta o desejo de voar
Mesmo com os pés cravados na terra
Faço dos braços as asas imaginárias
Livre como uma borboleta em busca do pólen
Mas que, anseia o regresso ao casulo nunca mais encontrado



[Nem todas as noites são escuras como breu...]
[...Nem todos os dias são claros como o sol que paira no céu]

(Lúcia Machado)

21/01/2010

Pensamentos soltos VII

O dia chegou oculto pela neblina
Cruzou a rua, com a sua saia rodada
Cabelo negro entrançado
Sorriso disfarçado, no olhar de menina

Houve uma lágrima que caiu
Não disfarçando a melancolia daquela manhã
Decalcou caminhos empoeirados
Ou talvez molhados, pela tristeza que sentiu

Chegou a noite, e para ela sorriu
Juntou-se às lágrimas derramadas
Apanhou boleia de uma estrela
E rumo ao céu, ela partiu

Dizem que desde então, nunca mais chorou
Encontrou a felicidade constante
…e para sempre brilhou


(Lúcia Machado)

18/01/2010

Pensamentos soltos VI

Flutua sobre o céu escarlate
O corpo nas asas do furacão
Mãos feitas de abraços…
Criam melodias ao compasso dos passos
Amar é uma deliciosa cifra
Na dor, o olhar sem sentido e contrafeito
Dá lugar ao amor-perfeito
São histórias loucas, juntas ao passar das horas
No meu mundo que fica ao lado do teu
Tocam-se as almas desprovidas de embaraços
E se te perco, nas noites prata
Encontro-te junto ao coração
…e criam-se laços…


(Lúcia Machado)

05/01/2010

Pensamentos soltos V

Talvez encontre, por entre as folhas caídas
A quietude dos dias afoitos, numa outra voz…
Num outro sentido…
Quem sabe, não chegará a caravela que flutua em mim
Talvez ela não me leve a lado nenhum!
Ou quem sabe, me leve para além dos teus olhos,
Numa outra voz que não basta… apenas se instala.
E numa corrente… a água que suspira o húmus da terra ardente
Traz vestida de sombras a noite que perdura.
Sinto-te! A minha vida é tua.
Esqueci-me do último suspiro, aquele que nos dá o impulso para olhar o novo Mundo.
Afoguei-me em ti. Senti os fios do Infinito que nos equilibra e une.
E se, as tatuagens sãs as marcas na pele… as saudades são os cravos na Alma!
E se a calma, parece um sentido perdido… parte do todo sentir, é fogueira que nos amortece os cavalos em fúria.
E neste estranho sentir, nada faz sentido… e se sentido fizesse…
Não precisava que as mãos se confessassem.

(Lúcia Machado)


... Aqui jazem todas as angústias, os medos, a solidão, as alegrias, as tristezas...
Jazem momentos únicos, momentos irrepetíveis...
....a saudade, o acreditar....
..As lágrimas, o desespero, o renascer...
a morte...
Todos os momentos de uma vida...uns eternos, outros não...
Aqui jaz uma nova esperança... o amor...

...Tu...



(Lúcia Machado)




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