
Tenho tantas saudades! !
Por vezes, dou por mim distraída
E o teu nome regressa como,
Surto de luz na escuridão…
E na longitude da noite fria
É ele que me aquece da sofreguidão
Da ânsia de te abraçar…
Caio por vezes, no esquecimento
Das garças-reais em voo de rapina
Que fazem do meu coração, o alimento
Que para sempre te irá amar
Não sei se sou essa, a ave que voa loucamente
Ou dama em louca perseguição,
Do céu incontido em explosões sussurrantes
Ou em luares de eterno cegar da saudade
Quero fazer desta inquietude do sentir
A brisa que me move, em torno do teu perfume
Onde nos olhos que fecho
Me resta o teu rosto, na ponta dos dedos
Não me alcança o tempo de te esquecer
Em ti, vive a minha razão de viver
(Lúcia Machado)
Espero, por um tempo que nunca mais chega
Um tempo, onde o céu volta a ser azul
Onde o Sol toma o lugar da noite
Um tempo que trás a doçura dos dias quentes
O sorriso que outrora existiu…
De novo o canto dos pássaros…
Voltar a um tempo…
Onde a memória, apenas resiste…
Quero que, o manto da noite que caiu sobre mim
Me deixe…que dê lugar à luz, que iluminará a minha alma
Quero que me inunde de vida, de esperança, de um novo dia
Tento rasgar a noite que me assola
Alcançar o dia que nasce…
…e o manto da noite insiste em me cobrir
(Lúcia Machado)
Fiz do sonho…barco à deriva
Nele depositei a minha alma
Perdida…esquecida
Nas ondas do mar
Ela viaja embalada…
Adormecida pela maresia do meu olhar
Sozinha…cansada
Lá longe, onde bailam as gaivotas
Cruzam um céu enegrecido
Fugindo da tempestade que carrego
No coração ferido
E, cansada desta febre que me assola
Memória em rebuliço
Fazem deste ser…corpo sem ar
Delírio, húmus que à terra há-de voltar
(Lúcia Machado)