...E um corpo jaz esquecido, numa outra página, num outro livro qualquer. já não é o mesmo corpo atrofiado, nem o mesmo coração dilacerado por uma boca vampiresca, sedenta da dor da Alma. não faz mais sentido revirar as entranhas. ou mesmo gritar as palavras silenciosas do cérebro em tumultuosa eclosão. o mesmo peito latejante que outrora rasgava a carne que o cobria, tem por agora as ténues manhãs com cheiro a maresia. essas mãos que foram garras envoltas nos ossos escanzelados. deram vida às sinuosas razões de quem não quer ouvir. as pernas amputadas que serviam de muletas ao corpo cansado, escondem agora todos os vícios do coração malfadado. todo o ser errante quer encontrar a caverna ou mesmo o ninho onde vai repousar em paz. e mesmo com as tempestades a cair sobre a cabeça. ergue as mãos e faz dos raios o alimento que irá saciar a terra. nessa terra onde serás húmus. onde novas vidas eclodirão... de que te vale chorar, se as tuas lágrimas não são mais do que gotículas camufladas sobre a chuva que cai. mata a sede e renasce de novo. as flores voltarão a florir. um novo corpo, uma cabeça, pernas, tronco e membros. Um novo coração.
(Lúcia Machado)
...coração negro?! Não! o coração é da cor da Alma...da cor da felicidade ;-)
1 comentário:
O melhor elogio que te podia fazer... para mim, és na essência poetisa, daí a forma como as palavras deslizam e tão bem descrevem o que pensas e sentes.
Um bjo amiga :)
Desejo-te uma semana cheia de sonhos.
Fatima
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