Tua voz que canta no vento
Emerge do mar, como ninfas à deriva
Em mares revoltos de paixão
Criam-se tempestades cristalinas
Ao acorde doce da tua presença
Toque que incendeia o coração
E eu, que caminho pelas névoas
Entre o fogo e a água
Procuro-te como se soubesse da tua existência
Amarro o teu peito ao meu
Nesta nocturna travessia
Gélida sombra, da minha ausência
Dois seres frente a frente
A minha boca em frente à tua boca
Dois corpos unidos em simbiose perfeita
Ficam a navegar num abraço forte
Onde, nem a luz perpassa ao mais simples movimento
Se envolvem esquecidos, para mostrar o carinho e ternura
De um amor por inteiro
E num beijo caído
Do precipício da alma
És luz, pão e água
Alimento
Sedativo
Que me seduz
…e embala
(Lúcia Machado)