Não sabem, se os olhos que me choraram, eram apenas deslizes da ténue memória… sei que nasci assim...
Sou como fonte que sacia a sede dos transeuntes… a água que refresca os lábios sequiosos da poeira da tarde…
Dizes:
-Não cabe em mim, todos os átomos da tua existência…apenas um vácuo me assola na tua ausência…
Respondo-te:
-Não sei, se sou a tua criação entre o Céu e a Terra…ou se apenas, plano, entre as duas realidades…
Na volta… serei miragem neste extenso deserto em que me retira a vida aos poucos...
Aragem, que à passagem alivia a dor do peito ardente.
Não nasci das trevas!... Mas sim do ventre da minha mãe, seja ela a lágrima que rebola!
E o meu pai, a criação do coração…
Nasci eu! …Saudade, de nome próprio…
Onde me reconheço a cada despedida, em cada lágrima…
...A cada, ´"até breve" e até um "nunca mais"…
Sou aquela, em que o espírito toma maior parte que as mãos.
(Lúcia Machado)